Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, outubro 19, 2007

Eliane Cantanhede - Enfim, uma boa notícia




Folha de S. Paulo
19/10/2007

A gravidez, o parto, a amamentação, os banhos, tudo isso a mulher que trabalha fora tira de letra. Até com profundo prazer.
Doído mesmo é deixar um bebezinho de quatro meses, tão indefeso, nas mãos de outras pessoas para manter o salário, a carreira, as legítimas ambições. Toda mulher sabe do que estou falando. A maioria dos homens, também.
A decisão de ontem do Senado, possibilitando o aumento da licença-maternidade de quatro para seis meses, tem tudo para passar na Câmara, sem alterações. É uma vitória da sociedade brasileira.
Se é uma questão econômica? É também, porque pode aumentar a carga já tão pesada das empresas e, em conseqüência, desestimular o emprego de trabalhadoras. Mas é, antes de tudo, uma questão social de alta relevância. E de saúde pública, como defende o ministro da área, José Gomes Temporão.
O projeto da OAB e da Sociedade Brasileira de Pediatria, encampado pela senadora Patrícia Saboya, foi engenhoso ao equilibrar o objetivo social com a preocupação econômica. A ampliação é facultativa, e as empresas que aderirem terão isenção fiscal pelos dois meses que extrapolarem os pagos pelo INSS. É um começo. O próximo passo, um dia, será a ampliação obrigatória, inclusive para o setor público.
Pesquisas mundiais comprovam que, quanto maior o tempo da mãe com o bebê, menor é a mortalidade infantil. E esse tempo, se inclui carinho e amamentação, é determinante no desenvolvimento físico, intelectual e emocional da criança.
Depois de tantas notícias desagradáveis, o Congresso enfim acerta uma. O aumento da licença-maternidade não é um favor individual, é uma vitória coletiva. Bebês são uma responsabilidade da sociedade e do Estado. Não pertencem a suas mães. Pertencem ao seu povo, ao seu país e, enfim, ao mundo.
Quanto mais bem cuidados forem, melhor será o mundo amanhã.

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