Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, outubro 08, 2007

Comentário sobre o Proer por Reinaldo Azevedo

Leitor expõe com didatismo a farsa petista

O leitor Claudino manda um excelente comentário sobre o Proer e lembra uma cosa interessante: o socorro dos BCs americano e europeu ao sistema bancário da recente explosão da bolsa imobiliária foi, claro, muito bem-vindo. E não ocorrerá a ninguém dizer: “Olhe lá, estão dando dinheiro para especuladores”. Pois é. A sorte lá é que não há uma maquina do mal, organizada por mentirosos e apoiada por ignorantes, para destruir reputações e criar mitos. Mais: ele lembra que boa parte da chamada “explosão da dívida interna” no Brasil se deveu à renegociação da dívida dos estados, assumidas pelo governo federal. Foi um custo? Foi. Mas o benefício foi bem maior: estancar a sangria nos estados. Aquelas medidas foram, como dizer?, arrumando o sistema. O resto é conversa mole. Por que o PSDB e o DEM, que estavam no governo, não explicam isso direito? Sei: são coisas difíceis, tecnicalidades. Mas o fato é que se deixaram capturar pela guerrilha da mentira promovida pelos petistas. Mentira que, como sabemos, vai parar até nos livros didáticos. Segue o texto de Claudino.

Falando em tecnicalidades do PROER, não custa esclarecer que o dinheiro que financiou aquele programa de saneamento do sistema financeiro privado brasileiro saiu, em boa medida, do fundo de depósitos compulsórios dos bancos comerciais junto ao BACEN, pelo qual este não paga qualquer remuneração.

Portanto, de alguma forma o sistema bancário já havia pago e continuou pagando parte daquela conta por essa via. Por outro lado, o dinheiro gasto com o PROER constituiu uma parceria do BACEN com o sistema financeiro privado para enfrentar e resolver o problema mais importante do Governo FHC, de modo a tornar possível a estabilização da economia; não tendo constituído doações a banqueiros, mas sim, como dizer?, investimento do governo, com direito a participação nos resultados: caso desse certo, e deu, mostram hoje o balanços, o Tesouro ficaria no lucro, e ficou. Pesquisem. Caso tivesse dado errado, aí sim o dinheiro que o BACEN botou lá teria se perdido, ou como parte de risco do negócio ou como resultado de má gestão, de erro de estratégia etc. Por que o "negócio", entre aspas, acima? Porque foi uma medida de política econômica, o que é diferente.

Já o custo do PROES - "Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual na Atividade Bancária" (...) foi, este sim, em grande medida bancados com nossos tributos, para socorrer a bancos estatais levados ao colapso pela má gestão de viés político, não pautada por regras de avaliação de risco de empréstimos de mercado. Por outro lado, no caso de bancos estaduais, os governadores os haviam transformado em emissores de moedas através das ARO's, que eram Antecipações de Receitas Orçamentárias feitas pelos mandatários políticos, evidentemente sem ter como não pagá-las. E nem podiam ser obrigados a isso... Não dava para fazer nada parecido com o PROER. Só era possível tirar dinheiro do erário. Pior ainda: precisava ser feito, ou a reforma do sistema financeiro como um todo ficaria meia-boca.

Vamos aos fatos (Fonte: Brasil. Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, 2002), ou melhor, vamos a alguns números de horrorizar, referentes a dívidas que foram totalmente penduradas no estoque da divida federal, tendo ficado conhecida como uma "explosão" promovida pelo governo FHC em "conluio com os banqueiros", dizem Heloisa Helena e todos os petista :

- Refinanciamento das dívidas dos estados e municípios e dos bancos estaduais: R$ 297,7 bilhões
- Socorro ao Banco do Brasil - R$ 25,5 bilhões
- saldos negativos do SFH - R$ 14,6 bilhões

Chega? Chega!
Só mais uma coisa: aqueles "bilhões despejados pelos bancos centrais Europeu e Americano" para salvar o mercado neste episódio dos "subprimes" das hipotecas imobiliárias americanas não foram doações aos banqueiros. Apesar de terem constituído algum tipo de vantagem de crédito a taxas mais baixas, foram medidas de política econômica, e o dinheiro de uma forma ou de outra, foi, digamos, emprestado.

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