Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, outubro 11, 2007

Clovis Rossi-Elites

MONTREUX - Almoço ao lado de Paul Regis, de Trinidad-Tobago, funcionário graduado da Organização Mundial de Propriedade Intelectual. À sua direita, Beatrice Dove-Edwin, diretora de Planejamento e Pesquisa do Ministério do Comércio e Indústria de Serra Leoa. Poderia passar por Naomi Campbell, mas disserta em perfeito inglês sobre a estada dos portugueses em seu pobre país.
No jantar da véspera, dividi mesa com Yerlan Danenov, diretor de um fundo de Desenvolvimento Sustentável do Cazaquistão, perfeito no inglês e no francês.
Perfis sumários daquela que poderia ser chamada de a clientela básica do Centro de Comércio Internacional, o braço técnico conjunto da Organização Mundial do Comércio e da Unctad.
Se o convidado brasileiro do Centro fosse Elio Gaspari, provavelmente diria que nos salões do exuberante Hotel Fairmont Palace Le Montreux, às margens do lago Léman, reúne-se a elite não do andar de baixo, mas do subsolo, dos países menores, mais pobres, menos presentes no noticiário, a não ser em situações-catástrofe.
Pouco ou nada neles lembra as tristes fotos de suas tribos. Tome-se, por exemplo, Pablo Rabczuk Ruiz, vice-ministro de Comércio e Exportações. Branco (descende de poloneses), impecável inglês (estudou nos Estados Unidos), apenas 27 anos, mas pleno domínio de seu campo. Ministro de que país? Bolívia. Mas nada de "chompa" ou da pele cor de cobre dos indígenas do Altiplano, ao contrário de seu presidente, Evo Morales.
Nenhum deles tem vergonha de ser elite, o que torna ainda mais indigente o debate no Brasil entre a elite-que-se-diz-povo-mas-é-elite (o pessoal do PT/governo) e a elite-que-sabe-que-é-elite-mas-não-se-assume-como-tal.
O problema não é ser elite ou parecer-se com o "povo". O problema é trabalhar pelo país ou roubá-lo.

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