Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, outubro 12, 2007

Acidente Tragédia dupla em estrada de Santa Catarina

MASSACRE NA ESTRADA

Carreta ignora sinalização e atropela equipe
de resgate de outro acidente. Saldo: 27 mortos

Raquel/Diário Catarinense
Local da tragédia: quem foi prestar socorro aos feridos do primeiro acidente se tornou vítima da carreta desgovernada

O duplo acidente ocorrido na semana passada na rodovia federal BR-282, no oeste de Santa Catarina, deixou o país estarrecido e mais uma vez evidenciou o descalabro que reina nas estradas brasileiras – perigosas, malconservadas e mal sinalizadas. Eram 19h30 de terça-feira quando um caminhão carregado de soja tentou ultrapassar outro veículo pela contramão num trecho da pista com curva e em declive, proibido para essa manobra. O caminhão chocou-se de frente com um ônibus fretado que trazia 40 agricultores vindos de uma feira de negócios em Chapecó. Com a colisão, os dois veículos caíram numa ribanceira de uma altura de mais de 20 metros. O motorista e dois passageiros do ônibus morreram na hora. O mesmo ocorreu com o caminhoneiro, sua mulher e os dois filhos do casal, que o acompanhavam na cabine. Mas esse era apenas o primeiro capítulo da tragédia.

Duas horas depois, o caminhão dirigido por Rosinei Ferrari, de 28 anos, furou o bloqueio montado pela Polícia Rodoviária em torno do acidente. Trafegando a mais de 100 quilômetros por hora, como uma besta desgovernada, bateu em nove veículos e atropelou bombeiros e policiais que estavam na pista no trabalho de resgate. Também passou por cima de sobreviventes do ônibus acidentado e de curiosos que assistiam à operação. O saldo trágico do duplo desastre foi de 27 mortos e mais de oitenta feridos. O caminhoneiro Ferrari sobreviveu ao acidente. A polícia anunciou que, assim que tivesse alta, seria preso e autuado por homicídio doloso eventual, quando não há intenção de matar mas se tem consciência do risco. No hospital, Ferrari disse que ultrapassou o bloqueio porque seu caminhão perdeu os freios. O motorista também afirmou que buzinou e acionou o farol alto para alertar as pessoas de sua aproximação. Para o delegado Rodrigo Cesar Barbosa, responsável pelo inquérito policial do caso, Ferrari assumiu o risco de provocar mortes quando trafegou pela pista na contramão, por mais de 2 quilômetros.

O Brasil está entre os campeões mundiais em desastres rodoviários. Apenas de janeiro a agosto deste ano, ocorreram 82.000 acidentes nas estradas federais do país, com mais de 4.600 vítimas fatais. É o mesmo número de mortes que causaria a queda de onze aviões Jumbo 747. Segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito, o estado de Santa Catarina é o segundo colocado em número de acidentes, atrás de Minas Gerais. Para se ter uma idéia do risco que se corre ao trafegar pelas rodovias federais, apenas 9% delas têm pista dupla, que torna as ultrapassagens seguras. Somem-se a isso as péssimas condições das pistas e tem-se o cenário ideal para a sucessão de tragédias que recheiam as estatísticas. Um estudo recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada mostra que os acidentes nas rodovias custam à economia brasileira 22 bilhões de reais por ano, gastos em hospitalizações, indenizações e danos materiais.

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