Quanto desse momento mágico, de ânimo e vitória do Rio de Janeiro, ficará como fator permanente? Conversei com Julio Bueno, secretário de Desenvolvimento do Estado do Rio e com o economista André Urani sobre isso e a conversa foi animadora. Júlio diz que há muito investimento vindo por aí e há um plano de virada no gover. O economista Andre Urani lembra que o Rio caiu muito, porém as entidades empresariais estão se mobilizando, investimentos estão vindo. Ele acha que o Rio tem chance se repetir o que outras cidades do mundo fizeram para se reinventar, como Nova York, Barcelona e Milão.
Eu entrevistei os dois no programa da Globonews. O programa foi ao ar na quinta à noite e deve ser repetido nesta sexta-feira e no sábado, dependendo da cobertura do PAN. Os horários são oito e meia da manhã e três e meia da tarde de sexta-feira.
- A luta é dura. Do Pan muita coisa fica, mas o mais importante é a atmosfera pro business. Um local onde se pode fazer negócios, um local do bem. O estado do Rio há anos não tem uma gestão de capacidade de investimento. Um dos grandes legados que pode ficar neste governo é a decisão de enfrentar a questão da segurança - disse Julio Bueno.
André contou um dado interessante: apesar do clima de crise, o estado tem crescido.
-O estado tem crescido mais do que o resto do país, mas esse crescimento é um samba de uma nota só: é petróleo. Além disso não tem beneficiado a população da região metropolitana.
André está liderando um estudo, feito com o apoio do governo e da Petrobrás, sobre o futuro do Rio além do petróleo. Muitos investimentos em carteira, adensando a cadeia do petróleo. Prometem ir para além do PAN - diz André.
Julio Bueno diz que vai haver investimentos importantes no Rio, o arco metropolitano, do governo federal. Mas admite que o estado tem pouquíssima capacidade de investimento, apesar da enorme quantia de petróleo que o setor de petróleo paga ao estado.
-A máquina é inchada e insuficiente. Foram 26 bilhões de reais nos últimos anos. Imagine se esse dinheiro fosse investido- diz Julio Bueno.
O secretário disse que o Rio tem uma industria do século XX - siderurgia, petróleo, petroquímica - mas tem que alavancar a indústria do futuro: audiovisual, resseguros, serviços, entretenimento, tecnologia de informação, enfim, economia do conhecimento.
-Temos um ciclo extraordinário de investimento nos próximos anos. No Norte, por exemplo, o setor privado vai fazer um novo porto, o MMX com a Anglo America. Mas tem investimento de petroleo, petroquímica, celulose.
André Urani diz que um grande problema é a fato de que há uma inadequação do projeto atual: ele nao vai ao centro da questão.
-Precisamos pensar na ressurreição dos subúrbios do Rio. Os subúrbios do Rio estão lotados de pessoas que chegaram em meados do século passado atrás de uma indústria que hoje não existe mais. Hoje o investimento está ocorrendo fora desses suburbios. Dois a três milhões de pessoas moram nesta periferia desindustrializada. Se a gente tiver coragem de planejar uma geração a frente, como Nova York, Barcelona, Milão, incentivar o desenvolvimento de uma rede de micro e pequenas empresas, nos setores dinamicos dos serviços, isso se dá com infra-estrutura, planejamento. NY nos anos 70 tinham áreas perigosas e decadentes e hoje estão florescentes. Souberam dar a volta por cima. Hoje o Rio tem o mesmo PIB da época da fusão.
Julio Bueno diz que o dinheiro dos próximos anos é realmente de grande monta,
-Se colocar Angra III nos próximos cinco anos R$ 110 bilhões serão investidos no Rio.
Mas será investimento que cria pouco emprego, admite, mas segundo Julio Bueno é o grande desafio é qualificar mão de obra, incentivar pequenas empresas, criar um ambiente pró investimento.
Segundo, André, o Rio tem que cantar com Paulo Vanzolini: "reconhece a queda e nao desanima, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima".
-A perda foi grande, perdemos a indústria, o capital, o setor financeiro, as estatais, patinamos numa crise de identidade que se refletiu neste PIB estagnado. Já fomos um local de baixo desemprego, hoje temos uma alta taxa de desemprego e alta informalidade, um burocracia elevada e carga tributária suicida.
Ambos acham que há projetos em curso e há uma enorme chance de o estado dar a volta por cima se for mantida a "inversão de expectativa" que está se sentindo agora neste clima de PAN, de Cristo Maravilha, de alto astral no Rio.