Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, julho 20, 2007

ELIANE CANTANHÊDE Mais um pac...ote

BRASÍLIA - Depois de três dias acuado e perplexo com o segundo acidente aéreo de grandes proporções em dez meses, Lula decidiu agir e criar uma seqüência de fatos para calar as vozes que não apenas vaiam, como as do Maracanã, mas acusam e exigem competência e respostas do governo para a crise, a insegurança, o medo.
Lula vai mexer no comando do setor, abrir o capital da Infraero, atropelar a Anac e, principalmente, vai aparecer, ou reaparecer ao público. Desta vez, ou mais uma vez, anunciando providências. Congonhas, denunciado há anos, talvez décadas, está sendo o símbolo da inépcia de Lula e de seu governo. A idéia é transformá-lo justamente no contrário, reduzindo pousos e decolagens, estabelecendo fortes restrições ao tamanho, ao peso e ao número de aeronaves, especialmente nos horários de pico.
Quem teria que renegociar todas essas coisas com as companhias aéreas seria a Anac, cujos integrantes têm mandato fixo e são (em tese) independentes do governo. Mas a Anac não tem unidade nem força para enfrentar as empresas em favor dos usuários. Já que é assim, o Conac (Conselho Nacional de Aviação Civil), uma abstração, vai ganhar corpo e alma hoje, quando Lula presidir sua reunião e produzir imagens para mostrar que é o comandante. Comandante para o que vier de bom, não para o que já houve de ruim.
O discurso de Lula: o acidente com o Airbus foi uma "fatalidade", poderia ter sido em qualquer aeroporto, de qualquer país ou em qualquer outro momento no Brasil. O governo não tem culpa. E a crise aérea? Bem, essa ele vai assumir que existe (também, pudera), mas, daqui pra frente, tudo será diferente. As centenas de mortos e os milhares que sofreram nos aeroportos são culpa dos outros. As novas medidas e a promessa do terceiro aeroporto em São Paulo serão mérito de Lula. Tudo nos conformes.

elianec@uol.com.br

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