Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, julho 19, 2007

A comemoração dos obscenos



Uma emissora de televisão tem — só não sei se vai levar ou não ao ar — a imagem gravada de uma reunião no Palácio do Planalto. Tão logo William Bonner revelou que o avião acidentado estava voando com um dos reversores desligado, Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República, sorri e faz o sinal de “f_ _ _u.” É aquele, sabem?, em que o sujeito fecha uma das mãos e bate contra a palma da outra. A seu lado, um outro assessor faz um outro gesto, também bastante conhecido: com as duas mãos, puxa uma pessoa imaginária contra os próprios quadris. Era uma alegria incontida.

É a elegância característica do governo Lula. Os gestos sugerem que essas pessoas estão pouco se importando com os quase 200 mortos. Respondam depressa: quem é que está fazendo exploração política da tragédia? A canalha dá plantão em meu blog. A única preocupação, sob a desculpa de que a solidariedade com a família das vítimas está em primeiro lugar, era tirar a responsabilidade das costas do governo Lula.

É evidente que a TAM preferiria que esse dado não fosse tornado público agora. Em entrevista ao próprio Jornal Nacional, o diretor técnico da TAM diz que o manual da aeronave autoriza, por dez dias, o vôo mesmo com o reversor desligado e insiste em que a pista estava adequada para pouso, mesmo com o defeito. Isso é o que vamos ver.

Como tenho escrito aqui desde o dia do acidente — e foi expresso ainda hoje nos editoriais da Folha e do Estadão —, ainda que o acidente não possa ser atribuído à pista de Congonhas, é evidente que se insere na rotina de descalabros que tomou conta do setor. No governo Lula.

Ocorre que, desde terça-feira, a única preocupação do Planalto é se livrar da responsabilidade. Nem que, para tanto, tenha de recorrer, literalmente, a obscenidades. Que emissora tem as imagens? Vamos ver se as imagens vão ao ar primeiro. Mas elas existem.
Por Reinaldo Azevedo

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