Inspirado em seus movimentos, um novo
robô tem várias aplicações e custa barato
Leoleli Camargo
James Estrin/The New York Times |
A lagarta do tabaco (na palma da mão) e o robô que a imita: sem a limitação das juntas mecânicas |
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Os cientistas que se dedicam à biorrobótica, um campo de pesquisa relativamente novo, acreditam que a natureza tem muito a ensinar aos fabricantes de robôs. Os robôs que hoje funcionam nas linhas de montagem das fábricas ou pesquisam o solo de Marte, duas de suas muitas utilizações, são prodígios da tecnologia, mas cada um de seus movimentos exige uma programação complexa. A biorrobótica acredita que pode criar robôs simples, baratos e eficientes reproduzindo o mecanismo do movimento de alguns animais. Já existem protótipos de robô inspirados na tromba do elefante, nos tentáculos do polvo, nas salamandras e nos peixes. A mais recente e espetacular dessas experiências tornou-se conhecida na semana passada com a divulgação, por uma equipe da Universidade Tufts, nos Estados Unidos, do robô-lagarta. A máquina se baseia na forma de rastejar da lagarta da folha do tabaco, que tem o nome científico de Manduca sexta. Com setenta músculos em cada segmento do corpo e um nervo para controlar cada um deles, a lagarta consegue se movimentar em todas as direções e subir nos galhos das plantas.
Para montarem os primeiros protótipos do robô-lagarta, os pesquisadores desenvolveram um tubo oco feito de silicone, resistente mas maleável, pelo qual correm molas que se contraem sob o efeito de descargas elétricas (veja o quadro). É um mecanismo tão simples quanto o dos brinquedos infantis, que por enquanto faz o robô se virar para a direita e para a esquerda. Até o fim do ano, a equipe espera que o robô reproduza integralmente os movimentos da Manduca sexta. Prevêem-se várias utilizações para a engenhoca. Ela será capaz de se esgueirar por locais de difícil acesso em espaçonaves e reatores nucleares, a fim de localizar problemas. Poderá ser usada na detecção de minas terrestres. Em tamanho reduzido, terá uso na medicina em exames internos, passeando pelo corpo humano e "enxergando" os órgãos por dentro. Diz o biólogo Barry Trimmer, um dos cientistas envolvidos com o projeto: "O problema com os robôs convencionais é que eles se mexem por meio de juntas, que são rígidas e limitam seus movimentos. O nosso pode se mexer à vontade". Trimmer prevê que, quando forem produzidos em escala, os robôs-lagarta custarão incrivelmente barato – cerca de 1 dólar.
Montagem com fotos de James Estrin/The New York Times |