Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, abril 06, 2007

Inglês para quem tem pressa


Monica Weinberg


Cresce no Brasil um tipo de ensino de inglês que promete resultados mais rápidos do que os obtidos nas escolas de idioma tradicionais: são os cursos de imersão, aqueles que reúnem grupos pequenos em hotéis e fazendas onde, durante alguns dias, só se fala, escuta e lê a língua inglesa. Em dez anos, a oferta de escolas do gênero triplicou no Brasil.

Especialistas consultados por VEJA afirmam que as imersões costumam cumprir com a promessa de promover nos estudantes um salto de fluência. O princípio desse tipo de curso é produzir um ambiente no qual se vivencia o inglês na prática – em tempo integral. Mas para que leve a resultados mais consistentes precisa ser repetido mais de uma vez, ressaltam os especialistas. Eles fizeram ainda uma apreciação sobre mais duas modalidades de ensino acelerado de inglês: os cursos intensivos e os ofertados no exterior.

VEJA ouviu gente que passou por pelo menos uma dessas escolas de inglês que, em comum, prometem encurtar o demorado caminho dos cursos tradicionais. Três dessas pessoas contam suas experiências nas páginas deste Guia.

Ele foi para o Canadá

Fabiano Accorsi


GUSTAVO POLI KONNO,
21 anos, estudante de engenharia

Por que ele optou pelo curso no exterior: depois de cursar quatro anos de inglês no Brasil, ele havia evoluído na leitura e na escrita, mas ainda tropeçava ao falar e tinha dificuldade de entender os estrangeiros. Achou que resolveria o problema com uma estada no exterior

Efeito do curso: "Depois de morar dois meses com uma família canadense e freqüentar uma escola de inglês lá, passei a falar com mais desembaraço e já assisto a filmes sem legenda"

Quanto custa ¹: 6000 reais (com estada na casa de uma família) e 7000 reais (em alojamentos das escolas de inglês) por um mês

Como funciona: freqüentam-se no país escolhido cursos de inglês específicos para estrangeiros. A duração é de um a seis meses. Em alguns casos, os estudantes podem arranjar trabalho para ocupar o tempo livre. Os destinos mais comuns são Estados Unidos, Inglaterra e Canadá

Para quem é mais indicado, segundo os especialistas: para quem quer aproveitar as férias no exterior para também melhorar o inglês. Nenhuma outra modalidade de curso leva a resultados tão rápidos

Ressalvas aos interessados: os especialistas recomendam fugir dos cursos de menos de um mês – seu efeito, restrito, costuma não compensar o investimento. Os melhores resultados são observados em pessoas que concluíram pelo menos dois anos de estudo antes de embarcar

Onde se informar: www.ci.com.br, www.stb.com.br, www.worldstudy.com.br e www.experimento.org.br

Imersa numa fazenda

Lailson Santos

DÉBORA DE MELLO, 30 anos, gerente
de recursos humanos em uma corretora

Por que ela optou pelo curso de imersão: havia tempos que não falava inglês e precisa ir aos Estados Unidos em viagem de negócios

Efeito do curso: "Os três dias internada num hotel, à base de inglês do café-da-manhã ao jantar, me deram mais segurança para falar com os americanos"

Quanto custa ¹: 1000 reais (fim de semana)

Como funciona: os grupos permanecem de dois a cinco dias em hotéis e fazendas, onde o único idioma ouvido é o inglês – inclusive na televisão

Para quem é mais indicado, segundo os especialistas: para gente que, como a gerente de recursos humanos, precisa dar uma rápida polida no inglês – a imersão costuma melhorar a fluência em poucos dias. Muitos desses cursos são desenhados para executivos, que aprendem a aplicar jargões típicos do mundo dos negócios ao simular relatórios e palestras

Ressalvas aos interessados: os cursos aceitam apenas pessoas com nível intermediário do idioma, o que é medido por avaliações. Para que alcance resultados mais consistentes, a imersão deve ser repetida mais de uma vez

Opção por um curso intensivo

Lailson Santos


SORAIA AGUILERA SINA,
25 anos, gerente em uma academia de natação

Por que ela optou pelo curso intensivo: formou-se em hotelaria sem saber o inglês básico. Enfrenta há dois anos a maratona de um intensivo com o objetivo de pleitear, em breve, um bom emprego em sua área

Efeito do curso: "Já converso com estrangeiros sem sentir vergonha e não passo mais por uma criança ao escrever em inglês"

Quanto custa ¹: 750 reais por mês

Como funciona: a diferença para um curso tradicional é que no intensivo os estudantes permanecem, em média, oito horas por semana e levam a metade do tempo para concluir os estudos

Para quem é mais indicado, segundo os especialistas: para pessoas que não podem esperar pelos resultados de um curso mais lento nem têm tempo ou dinheiro para estudar no exterior. Ao contrário das imersões, aqui é possível iniciar o curso a partir do nível elementar

Ressalvas aos interessados: não adianta matricular-se sem antes ter certeza de que dispõe de tempo para dedicar-se às inúmeras tarefas de casa típicas desses cursos

Onde se informar: a maioria dos cursos tradicionais oferece a modalidade acelerada – consulte os sites que aparecem na página 118

1 Preços calculados com base na média do mercado.
No caso dos intercâmbios, não incluem a passagem aérea

Onde fazer

Quatro dos cursos de imersão
em inglês mais procurados no Brasil

ENGLISH VILLAGE (www.englishvillage.com.br)
Onde é: em um hotel-fazenda de Indaiatuba
(a 100 quilômetros de São Paulo)
Preço: 990 reais (fim de semana)
Diferencial: no fim do curso, os estudantes prestam o TOIEC, um exame internacional que certifica a fluência no inglês (pré-requisito para algumas das vagas em empresas multinacionais)

LITTLE ENGLAND (www.littleengland.com.br)
Onde é: em uma pousada em Petrópolis (Rio de Janeiro)
Preço ²: 3475 reais (cinco dias)
Diferencial: depois do curso, os alunos têm a opção de prosseguir com os estudos a distância, supervisionados por um professor que envia as lições por e-mail e com quem os estudantes travam conversações por telefone ou pela internet

ENGLISH ISLAND (www.englishisland.com.br)
Onde é: em um hotel de Florianópolis
Preço: 2200 reais (cinco dias)
Diferencial: numa só viagem, aprende-se inglês e, findo o curso, aproveita-se uma cidade atraente ao turismo

CELIL (www.celil.com.br)
Onde é: em uma pousada em Piranguinho (Minas Gerais)
Preço: 1800 reais (cinco dias)
Diferencial: é o que recebe um perfil mais variado de estudantes – de executivos a donas-de-casa

2 Inclui acomodações compartilhadas


A avaliação dos cursos

Especialistas fazem uma apreciação sobre quatro dos maiores grupos que oferecem cursos de inglês no Brasil. Foram enfatizadas as diferenças entre eles com o objetivo de ajudar na hora da escolha. Eis o resultado:

WIZARD (www.wizard.com.br)
Preço*: a partir de 80 reais
Ponto alto, segundo os especialistas: oferece um tipo de curso no qual o aluno faz aulas individuais num laboratório de línguas, com base em CDs e livros, na hora em que desejar – conta para isso com o professor para esclarecer as dúvidas. A vantagem é que, assim, se evita uma situação comum nos cursos de inglês: a impossibilidade de comparecer às aulas
Observação dos especialistas: os resultados em relação à fluência costumam ser bons, mas deixam a desejar quanto ao aprendizado formal da gramática

CULTURA INGLESA (www.culturainglesa.com.br)

Roberto Setton

Preço: a partir de 170 reais
Ponto alto, segundo os especialistas: prepara os estudantes para prestar os exames da Universidade de Cambridge, que confere diplomas de inglês reconhecidos internacionalmente. As aulas contam com um atrativo adicional: uma lousa eletrônica com base na qual os alunos criam blogs e histórias animadas com recursos multimídia
Observação dos especialistas: dos quatro cursos, é o que mais se detém no aprendizado da estrutura formal da língua

CCAA (www.ccaa.com.br)
Preço: a partir de 150 reais
Ponto alto, segundo os especialistas: num dos cursos, os alunos recebem preparação intensiva para exames internacionais de língua inglesa, como o Toefl, pré-requisito para o ingresso em uma universidade americana
Observação dos especialistas: as aulas atraem a atenção de estudantes sem paciência para o formalismo dos livros didáticos por meio da leitura de publicações estrangeiras e debates sobre assuntos do cotidiano

FISK (www.fisk.com.br)
Preço: a partir de 120 reais
Ponto alto, segundo os especialistas: oferece a opção de turmas pequenas, com até seis alunos – elas custam 10% mais do que as classes regulares
Observação dos especialistas: oferece aulas temáticas nas quais são treinadas, em níveis semelhantes, as quatro habilidades do idioma – conversação, leitura, escrita e compreensão oral da língua

(*) Média mensal, sem incluir a taxa de material

A palavra da especialista

A professora Kátia Tavares, da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, dá sugestões que, segundo mostra a experiência, ajudam a reduzir o risco de erro na escolha de um curso de inglês

CURSOS ESPECÍFICOS ­ Se sua intenção for aprender o jargão do mundo dos negócios ou ler textos acadêmicos, é melhor procurar um curso especialmente desenhado para tais finalidades

NIVELAMENTO ­ Se tiver alguma noção de inglês, tome a iniciativa de pedir um teste – poderá com isso iniciar os estudos numa turma mais avançada

PREÇO ­ Pergunte o que está incluído na mensalidade – às vezes as taxas adicionais fazem praticamente dobrar o valor. Fique atento a eventuais convênios: eles podem resultar em descontos

MÉTODO ­ Não se contente com a explicação teórica sobre a metodologia. Peça para assistir a uma aula

TECNOLOGIA ­ Muitos dos cursos fazem propaganda dos recursos tecnológicos de que dispõem. Não se deslumbre: apenas os que têm fins pedagógicos fazem diferença

Com reportagem de Adriana Pavlova e Marcos Todeschini

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