Monica Weinberg
Cresce no Brasil um tipo de ensino de inglês que promete resultados mais rápidos do que os obtidos nas escolas de idioma tradicionais: são os cursos de imersão, aqueles que reúnem grupos pequenos em hotéis e fazendas onde, durante alguns dias, só se fala, escuta e lê a língua inglesa. Em dez anos, a oferta de escolas do gênero triplicou no Brasil.
Especialistas consultados por VEJA afirmam que as imersões costumam cumprir com a promessa de promover nos estudantes um salto de fluência. O princípio desse tipo de curso é produzir um ambiente no qual se vivencia o inglês na prática – em tempo integral. Mas para que leve a resultados mais consistentes precisa ser repetido mais de uma vez, ressaltam os especialistas. Eles fizeram ainda uma apreciação sobre mais duas modalidades de ensino acelerado de inglês: os cursos intensivos e os ofertados no exterior.
VEJA ouviu gente que passou por pelo menos uma dessas escolas de inglês que, em comum, prometem encurtar o demorado caminho dos cursos tradicionais. Três dessas pessoas contam suas experiências nas páginas deste Guia.
Ele foi para o Canadá
Fabiano Accorsi |
GUSTAVO POLI KONNO, 21 anos, estudante de engenharia
Por que ele optou pelo curso no exterior: depois de cursar quatro anos de inglês no Brasil, ele havia evoluído na leitura e na escrita, mas ainda tropeçava ao falar e tinha dificuldade de entender os estrangeiros. Achou que resolveria o problema com uma estada no exterior
Efeito do curso: "Depois de morar dois meses com uma família canadense e freqüentar uma escola de inglês lá, passei a falar com mais desembaraço e já assisto a filmes sem legenda"
Quanto custa ¹: 6000 reais (com estada na casa de uma família) e 7000 reais (em alojamentos das escolas de inglês) por um mês
Como funciona: freqüentam-se no país escolhido cursos de inglês específicos para estrangeiros. A duração é de um a seis meses. Em alguns casos, os estudantes podem arranjar trabalho para ocupar o tempo livre. Os destinos mais comuns são Estados Unidos, Inglaterra e Canadá
Para quem é mais indicado, segundo os especialistas: para quem quer aproveitar as férias no exterior para também melhorar o inglês. Nenhuma outra modalidade de curso leva a resultados tão rápidos
Ressalvas aos interessados: os especialistas recomendam fugir dos cursos de menos de um mês – seu efeito, restrito, costuma não compensar o investimento. Os melhores resultados são observados em pessoas que concluíram pelo menos dois anos de estudo antes de embarcar
Onde se informar: www.ci.com.br, www.stb.com.br, www.worldstudy.com.br e www.experimento.org.br
Imersa numa fazenda
Lailson Santos |
DÉBORA DE MELLO, 30 anos, gerente
de recursos humanos em uma corretora
Por que ela optou pelo curso de imersão: havia tempos que não falava inglês e precisa ir aos Estados Unidos em viagem de negócios
Efeito do curso: "Os três dias internada num hotel, à base de inglês do café-da-manhã ao jantar, me deram mais segurança para falar com os americanos"
Quanto custa ¹: 1000 reais (fim de semana)
Como funciona: os grupos permanecem de dois a cinco dias em hotéis e fazendas, onde o único idioma ouvido é o inglês – inclusive na televisão
Para quem é mais indicado, segundo os especialistas: para gente que, como a gerente de recursos humanos, precisa dar uma rápida polida no inglês – a imersão costuma melhorar a fluência em poucos dias. Muitos desses cursos são desenhados para executivos, que aprendem a aplicar jargões típicos do mundo dos negócios ao simular relatórios e palestras
Ressalvas aos interessados: os cursos aceitam apenas pessoas com nível intermediário do idioma, o que é medido por avaliações. Para que alcance resultados mais consistentes, a imersão deve ser repetida mais de uma vez
Opção por um curso intensivo
Lailson Santos |
SORAIA AGUILERA SINA, 25 anos, gerente em uma academia de natação
Por que ela optou pelo curso intensivo: formou-se em hotelaria sem saber o inglês básico. Enfrenta há dois anos a maratona de um intensivo com o objetivo de pleitear, em breve, um bom emprego em sua área
Efeito do curso: "Já converso com estrangeiros sem sentir vergonha e não passo mais por uma criança ao escrever em inglês"
Quanto custa ¹: 750 reais por mês
Como funciona: a diferença para um curso tradicional é que no intensivo os estudantes permanecem, em média, oito horas por semana e levam a metade do tempo para concluir os estudos
Para quem é mais indicado, segundo os especialistas: para pessoas que não podem esperar pelos resultados de um curso mais lento nem têm tempo ou dinheiro para estudar no exterior. Ao contrário das imersões, aqui é possível iniciar o curso a partir do nível elementar
Ressalvas aos interessados: não adianta matricular-se sem antes ter certeza de que dispõe de tempo para dedicar-se às inúmeras tarefas de casa típicas desses cursos
Onde se informar: a maioria dos cursos tradicionais oferece a modalidade acelerada – consulte os sites que aparecem na página 118
1 Preços calculados com base na média do mercado.
No caso dos intercâmbios, não incluem a passagem aérea
Onde fazer
Quatro dos cursos de imersão
em inglês mais procurados no Brasil
ENGLISH VILLAGE (www.englishvillage.com.br)
Onde é: em um hotel-fazenda de Indaiatuba
(a 100 quilômetros de São Paulo)
Preço: 990 reais (fim de semana)
Diferencial: no fim do curso, os estudantes prestam o TOIEC, um exame internacional que certifica a fluência no inglês (pré-requisito para algumas das vagas em empresas multinacionais)
LITTLE ENGLAND (www.littleengland.com.br)
Onde é: em uma pousada em Petrópolis (Rio de Janeiro)
Preço ²: 3475 reais (cinco dias)
Diferencial: depois do curso, os alunos têm a opção de prosseguir com os estudos a distância, supervisionados por um professor que envia as lições por e-mail e com quem os estudantes travam conversações por telefone ou pela internet
ENGLISH ISLAND (www.englishisland.com.br)
Onde é: em um hotel de Florianópolis
Preço: 2200 reais (cinco dias)
Diferencial: numa só viagem, aprende-se inglês e, findo o curso, aproveita-se uma cidade atraente ao turismo
CELIL (www.celil.com.br)
Onde é: em uma pousada em Piranguinho (Minas Gerais)
Preço: 1800 reais (cinco dias)
Diferencial: é o que recebe um perfil mais variado de estudantes – de executivos a donas-de-casa
2 Inclui acomodações compartilhadas
A avaliação dos cursos
Especialistas fazem uma apreciação sobre quatro dos maiores grupos que oferecem cursos de inglês no Brasil. Foram enfatizadas as diferenças entre eles com o objetivo de ajudar na hora da escolha. Eis o resultado:
WIZARD (www.wizard.com.br)
Preço*: a partir de 80 reais
Ponto alto, segundo os especialistas: oferece um tipo de curso no qual o aluno faz aulas individuais num laboratório de línguas, com base em CDs e livros, na hora em que desejar – conta para isso com o professor para esclarecer as dúvidas. A vantagem é que, assim, se evita uma situação comum nos cursos de inglês: a impossibilidade de comparecer às aulas
Observação dos especialistas: os resultados em relação à fluência costumam ser bons, mas deixam a desejar quanto ao aprendizado formal da gramática
CULTURA INGLESA (www.culturainglesa.com.br)
Roberto Setton |
Preço: a partir de 170 reais
Ponto alto, segundo os especialistas: prepara os estudantes para prestar os exames da Universidade de Cambridge, que confere diplomas de inglês reconhecidos internacionalmente. As aulas contam com um atrativo adicional: uma lousa eletrônica com base na qual os alunos criam blogs e histórias animadas com recursos multimídia
Observação dos especialistas: dos quatro cursos, é o que mais se detém no aprendizado da estrutura formal da língua
CCAA (www.ccaa.com.br)
Preço: a partir de 150 reais
Ponto alto, segundo os especialistas: num dos cursos, os alunos recebem preparação intensiva para exames internacionais de língua inglesa, como o Toefl, pré-requisito para o ingresso em uma universidade americana
Observação dos especialistas: as aulas atraem a atenção de estudantes sem paciência para o formalismo dos livros didáticos por meio da leitura de publicações estrangeiras e debates sobre assuntos do cotidiano
FISK (www.fisk.com.br)
Preço: a partir de 120 reais
Ponto alto, segundo os especialistas: oferece a opção de turmas pequenas, com até seis alunos – elas custam 10% mais do que as classes regulares
Observação dos especialistas: oferece aulas temáticas nas quais são treinadas, em níveis semelhantes, as quatro habilidades do idioma – conversação, leitura, escrita e compreensão oral da língua
(*) Média mensal, sem incluir a taxa de material
A palavra da especialista
A professora Kátia Tavares, da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, dá sugestões que, segundo mostra a experiência, ajudam a reduzir o risco de erro na escolha de um curso de inglês
CURSOS ESPECÍFICOS Se sua intenção for aprender o jargão do mundo dos negócios ou ler textos acadêmicos, é melhor procurar um curso especialmente desenhado para tais finalidades
NIVELAMENTO Se tiver alguma noção de inglês, tome a iniciativa de pedir um teste – poderá com isso iniciar os estudos numa turma mais avançada
PREÇO Pergunte o que está incluído na mensalidade – às vezes as taxas adicionais fazem praticamente dobrar o valor. Fique atento a eventuais convênios: eles podem resultar em descontos
MÉTODO Não se contente com a explicação teórica sobre a metodologia. Peça para assistir a uma aula
TECNOLOGIA Muitos dos cursos fazem propaganda dos recursos tecnológicos de que dispõem. Não se deslumbre: apenas os que têm fins pedagógicos fazem diferença
Com reportagem de Adriana Pavlova e Marcos Todeschini