Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, abril 05, 2007

Eliane Cantanhede - Pôquer




Folha de S. Paulo
5/4/2007

Todos avaliam as próprias forças, enquanto blefam com os adversários. Os líderes dos controladores alardeiam que não estão nem aí para os seus empregos e para os IPMs (inquéritos policiais militares). O Planalto e a Aeronáutica juram que têm um "plano B" para a hipótese de nova greve. Há controvérsias nos dois casos, porém.
No dos controladores, o mapeamento do motim de sexta-feira mostra: a minoria que estava de plantão foi quem parou, e a maioria dos que estavam de folga preza muito, sim, seus empregos. Até porque eles sabem que, condenados, não só estarão sujeitos a penas de 4 a 8 anos de prisão como não poderão jamais ter outro emprego público, a não ser com anistia.
No caso do Planalto e da Aeronáutica: nem mesmo as cúpulas das Forças Armadas têm certeza de que o "plano B" é consistente e capaz de manter os aviões voando, porque tudo depende do número de controladores que vierem a aderir a uma nova greve. O mapeamento da Aeronáutica é com base em hipóteses, não em pesquisa direta nem em ação objetiva.
Ou seja: a questão, além de política e grave, está num estágio de avaliação quase aritmético. Se os controladores militares conseguirem a adesão de 10%, o tal plano do governo tem boas chances de funcionar, com "prejuízo dos usuários, mas não o caos do dia 30", como dizem oficiais da Aeronáutica. Mas, caso a adesão chegue a 30% ou 40%, não haverá contingente suficiente para cobrir a lacuna, mesmo com os da reserva e os de defesa militar.
Se os dois lados não sabem e estão num jogo de pôquer, com seus trunfos, ciladas e blefes, imagine se você vai saber? Não, não vai. Nós e eles todos só vamos realmente saber quando, e se, estourar o novo apagão. Até lá, boa Páscoa e boa viagem! Sem ironia.
Só faltava o ACM na base aliada do Lula. Não falta mais.
elianec@uol.com.br

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