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POLÍTICA, IMPRENSA E SOCIEDADE!
01. A quase generalização dos regimes democráticos dificulta a percepção da gestação de antigos vetores dos regimes ditatoriais mais agressivos. O tradicional era um partido chegar ao governo, monopolizar o poder, controlar a imprensa e eliminar a liberdade de expressão e organização à sociedade.
02. Hitler -e Goebells- chamavam de -Estado Total- a fusão de Partido e Estado, num só corpo. E a partir dele o uso da propaganda para lavagem cerebral e assim reduzir os pontos de resistência, sobre os quais se aplicava a mais contundente repressão.
03. Hoje -muitas vezes sem qualquer consciência do que se faz, por falta de preocupação rotineira com os desvios autoritários- são realizadas ações que afetam o quadrilátero Sociedade, Partido, Estado e Imprensa, lados que devem ter vida própria e devem interagir com liberdade e autonomia.
04. No Brasil se vive crescentemente estes desvios. O atropelamento do poder legislativo com a formação de maioria inorgânica através de simples troca de voto cego por cargos é um exemplo mais óbvio.
05. Menos claras são as relações do Estado e da Imprensa com a chamada sociedade civil organizada. Mas não menos graves. Por exemplo, com o aparelhamento do Estado por dirigentes sindicais, formando uma República de Pelegos que passa pela presidência da República, da Câmara de Deputados, do Ministério de Previdência Social, dos Fundos de Pensão das Estatais, etc...e tal...
06. E menos claros ainda são os avanços da imprensa para fora do jornalismo. Um exemplo de menor grau de gravidade é quando define um tema e coloca seus fotógrafos e repórteres atrás de pontos que justifiquem suas teses sobre aquele tema. Sempre que se tem a imprensa pouco concentrada, essa prática tem pouca importância, pois a concorrência corrige. Mas quando há uma forte concentração, em especial sobre os segmentos sociais cuja experiência externa pelo uso menor da rua depende destas notícias, produz-se uma distorção na função da imprensa e no impacto sobre parcela da opinião pública.
07. Muito mais grave é quando a imprensa cria ou usa uma associação da sociedade ou uma organização não governamental e a transforma na própria consciência da sociedade e cobre os fatos que ela mesma cria ou "teatraliza" como se fosse a sociedade. E gravíssimo é quando o tema definido por um meio de comunicação que vai atrás de fatos sem qualquer preocupação com ser ou não simplesmente pontual para em seguida vir a associação ou ONG que patrocina e agita na mesma direção. Cem pessoas fotografadas ou focalizadas com ângulo fechado parecem milhares e geram a sensação que a cobertura precisa.