Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 02, 2006

VEJA Leitura de ouvido

Leitura de ouvido

Dan Brown e Machado de Assis estão
entre os audiolivros na internet brasileira


Jerônimo Teixeira



O leitor brasileiro já pode ouvir algumas de suas obras favoritas, comprando audiolivros pela internet. O thriller O Código Da Vinci, de Dan Brown, e clássicos como O Alienista, de Machado de Assis, estão entre os textos disponíveis. A oferta ainda é limitada – menos de 300 títulos –, enquanto o Audible, o maior site de downloads de audiolivros dos Estados Unidos, conta com mais de 30.000. O público mais óbvio dos audiolivros são os deficientes visuais, mas o produto também oferece uma alternativa para aqueles momentos cotidianos em que é impraticável ler um livro. As horas perdidas no trânsito, por exemplo, podem ser ocupadas ouvindo as conspirações de Dan Brown. O audiolivro, aliás, é mais eficiente para livros com muita trama e pouco estilo, como o Código. É ideal também para a auto-ajuda – a motivação funciona melhor em voz alta. Machado de Assis em audiolivro é uma idéia mais problemática. Compreender um autor dessa estirpe exige o recolhimento que só o livro em papel oferece. Mas isso não é propriamente uma crítica: O Alienista no fone de ouvido sempre será melhor do que funk carioca.

São duas as empresas que estão se arriscando nessa seara ainda inexplorada no Brasil. A Voolume vende obras em geral curtas, como contos de Machado de Assis ou Edgar Allan Poe e obras da coleção Folha Explica. "Os textos breves são um bom meio de formar um público para o nosso produto", diz Maurício Mota, um dos sócios da empresa. A Audiolivro foi direto a best-sellers como O Código Da Vinci e O Doce Veneno do Escorpião, de Bruna Surfistinha. As obras contam com trilha sonora – mas não têm nada de teatro: o texto geralmente é lido por um único locutor. "Nós buscamos vozes marcantes, agradáveis e sem sotaque regional", explica Marcos Giroto, criador da Audiolivro.

A Audio Publishers Association, entidade que congrega as empresas do setor nos Estados Unidos, calcula que os audiolivros representem de 10% a 15% da venda de livros no país, onde já contam com uma tradição que vem pelo menos desde os anos 50. Alguns dos primeiros registros são históricos, pois eram os próprios autores que liam suas obras – o poeta Dylan Thomas, por exemplo, lançou um disco com um conto e alguns poemas em 1952. Hoje, as gravações ficam quase sempre a cargo de locutores ou atores. No Brasil, o negócio ainda é tímido. A Voolume tem registrado uma venda média de 700 livros por mês, e a Audiolivro, de 1.000. A Voolume pretende permanecer somente na internet. A Audiolivro está entrando também nas livrarias, com produtos "físicos". Já produziu CDs com a leitura integral de O Código Da Vinci e de O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien.

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