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A americana Judith Levine passou um ano sem comprar absolutamente nada supérfluo. Ela narrou sua experiência no livro Not Buying It: My Year Without Shopping (o título é um trocadilho e poderia ser traduzido por Não Me Convencem. Um Ano sem Ir às Compras). Ela conversou sobre sua experiência com a repórter Daniela Pinheiro.
POR QUE UM ANO SEM COMPRAR NADA?
Antes do Natal de 2003, já havia gasto uma fortuna em bobagens. Lembrei-me do Giuliani (Rudy Giuliani, então prefeito de Nova York) falando à população logo após o 11 de Setembro: "Venham para Nova York! Comprem!". Aquilo me deu um estalo. No meio daquele caos, a saída apontada era comprar?!
PARAR DE COMPRAR NÃO MATA NINGUÉM, CERTO?
Não, mas tornei-me dependente. Passei a contar com a bondade alheia quando, por exemplo, esquecia o guarda-chuva, pois não queria comprá-lo no camelô da esquina. É um choque cultural viver sem poder dizer "eu compro", "eu tenho", "não preciso de ninguém".
COMO A SENHORA DEFINIU SUAS PRIORIDADES?
Definir o básico, para não morrer de fome ou frio, é fácil, mas é impossível viver só com ele. Optei por internet, vinho (por causa do meu marido), insulina para meu gato diabético e gasolina. O resto, nada. A diferença entre luxo e necessidade é muito relativa, e não são escolhas pessoais.
COMO ASSIM?
Se vive em um lugar onde o transporte público é deficiente, você se obriga a usar seu carro. Isso não é luxo. É necessidade. A falta de vontade dos governantes influencia a minha necessidade. Sempre ouvimos a máxima segundo a qual os impostos altos tiram dinheiro do nosso bolso, e isso é fundamentalmente ruim. É um equívoco. Os europeus pagam mais impostos em comparação com os americanos e são mais felizes, de acordo com as pesquisas.
SUA VISÃO SOBRE O CONSUMO MUDOU?
A bolsa Kate Spade, o sorvete Ben & Jerry's e outros ícones são apenas nomes, mas fomos treinados culturalmente para cultuá-los. Quando não se compra, ou seja, quando não sabemos que nome dar a uma carência, a um tédio momentâneo, é preciso buscar, dentro de si, dos relacionamentos, coisas verdadeiras que preencham esse tipo de vazio humano.
DO QUE FOI MAIS DIFÍCIL ABDICAR?
Sorvete. Deixar de ir ao cinema também foi muito difícil. Fiquei entediada e desconectada do mundo porque não ia a bares, restaurantes, não via os filmes comentados por todo mundo. Minha identidade e minha vida social foram muito afetadas por eu estar fora do mercado consumista.
A SENHORA FREQÜENTOU GRUPOS QUE PREGAM A VIDA SIMPLES. ELES FUNCIONAM?
Eles têm uma convicção a meu ver equivocada. Ninguém vai encontrar seu eu só por parar de comprar. Não acredito nisso. Posso encontrar meu eu e ele ser um gastador. O meu eu independe de ir às compras. Se você é rica, só vai achar seu eu se abdicar de tudo? Isso é bobagem.
COMPRAR É ESSENCIALMENTE RUIM?
De jeito nenhum. A história das civilizações foi feita com base no intercâmbio de bens. É sadismo dizer para as pessoas pararem de comprar. O problema é o consumismo.
QUAL É SEU CONSELHO PARA QUEM QUER TENTAR VIVER COM POUCO?
É possível resistir a um brinquedo caro ou a um tênis da moda. Basta querer. O triunfo é conseguir ensinar aos filhos como prescindir disso ou daquilo e eles continuarem sendo respeitados e aceitos. Quando parei de comprar, descobri um mundo cheio de possibilidades, de valores estabelecidos por mim, só por mim.
Entrevista:O Estado inteligente
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