O Estado de S. Paulo |
20/9/2006 |
O crescimento econômico pífio deixou de ser apenas problema interno. Começa a pesar negativamente também nas relações externas do Brasil. Na reforma do sistema de cotas e votos do Fundo Monetário Internacional (FMI), decidida na reunião que se realiza em Cingapura, o Brasil acaba de ser ultrapassado pelo México. O critério para a definição é, em boa parte, determinado pela importância de cada país na economia mundial e esta, por sua vez, leva em conta o tamanho do Produto Interno Bruto (PIB). O B de Brasil vinha encabeçando o acróstico BRICs, pelo qual desde 2001 os analistas do banco de investimentos americano Goldman Sachs juntavam os quatro países emergentes mais promissores: Brasil, Rússia, Índia e China. Na capa desta semana da revista The Economist, que fala das surpresas causadas no mundo rico pelo poder dos países emergentes, o Brasil aparece pouco na foto. Lá os colossos que mais impressionam são China, Índia e Coréia do Sul. Outra demonstração de que o relativo atraso no desenvolvimento pesa no jogo mundial são as razões apresentadas pelas agências de avaliação de risco para adiar o reconhecimento do grau de investimento para a dívida pública brasileira. Essas agências existem para aferir, em nome dos investidores, o nível de confiabilidade de um título de dívida. Quando atinge o grau de investimento, esse título é considerado ponta firme e é recomendado a investidores que não podem correr risco de calote. Como passou à condição de credor líquido, o Brasil já não tem mais dívida pública externa. No entanto, apesar da reconhecida melhora dos fundamentos da economia, a principal razão pela qual essas agências ainda não conferiram o grau de investimento ao Brasil é o crescimento econômico decepcionante. Ontem, por exemplo, David Riley, chefe de qualificações soberanas da agência Fitch, evocou esse argumento na reunião do FMI em Cingapura. Crescimento econômico não é processo que aconteça espontaneamente, como cogumelos depois da chuva. É resultado de escolhas e cobra seu preço. Nos anos 50, o presidente Juscelino Kubitschek tomou a decisão de avançar 50 anos em 5. Pôs em marcha o Plano de Metas financiado em grande parte por emissões de moeda. O preço foi a inflação que produziu estragos nos anos 60 e ainda depois. O segundo avanço aconteceu no regime militar. Sua fonte mais importante de financiamento foram empréstimos bancários. Os dois choques do petróleo (1973 e 1979) apanharam o Brasil excessivamente endividado e desembocaram em enorme inflação, só controlada a partir de 1994 (Plano Real). De lá para cá, o progresso foi grande. A inflação já pode ser considerada civilizada e a dívida pública está sob relativo controle. No entanto, o ajuste só foi obtido graças à disparada da carga fiscal. Em 1991, o governo se apropriava de 24,6% do PIB em tributos. Hoje, arranca por volta de 38%. Quando escolheram seu modelo de desenvolvimento, os chineses foram pouco exigentes na remuneração dos assalariados, desistiram de contar com um sistema previdenciário, não fizeram questão de ter um forte sistema de saúde, preferiram crescer sem dívidas e concentraram esforços no investimento. Mesmo com esse regime salarial, os chineses poupam (e investem) perto de 40% do que ganham. Uma das razões pelas quais o Brasil cresce pouco é porque endividou-se mal e demais; tem um sistema previdenciário que custa cerca de 9% do PIB; e pouco se importa se financia máquinas públicas inchadas que prestam serviços meia-boca. Cada povo vale o que valem as escolhas que faz. Nós fizemos essa aí. O resto é conseqüência. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, setembro 20, 2006
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