...e não são os paradões Adriano e Ronaldo,
mas máquinas de mente rápida e pés mais ainda
VEJA
Ethevaldo Siqueira, de Munique
Joerg Sarbach/AP |
Robôs ainda desajeitados são pioneiros de uma geração que poderá vencer craques no gramado, como o Deep Blue fez com Kasparov no tabuleiro |
Jeff Christensen/Reuters |
Alguns visionários – como o inglês Peter Cochrane, do ConceptLabs, e o americano James Canton, do Institute for Global Futures – conseguem, por força da profissão, sugerir cenários futuros para as próximas Copas. Não é bola de cristal. Eles baseiam suas previsões nos avanços esperados para as tecnologias atualmente em uso. No cenário deles, a tecnologia da informação e as telecomunicações transformaram ainda mais radicalmente nossa maneira de assistir, sem sair de casa, às Copas das próximas décadas.
COPA DE 2010
Não é difícil supor qual tecnologia digital será utilizada na Copa do Mundo em 2010, na África do Sul, pois ela está muito próxima. Além de tudo que vimos na Copa da Alemanha, mais brasileiros poderão assistir às partidas com imagens de TV digital de alta definição em televisores de 80 ou 100 polegadas. Melhor. Os preços dessas telas planas gigantescas serão menores que os pagos em 2006 pelos aparelhos de 42 polegadas. A evolução da qualidade dos monitores de grandes dimensões tem sido notável. A entrada em cena de novos tipos de cristal líquido vai proporcionar imagens com cores ainda mais nítidas e brilhantes. Agora nascente, estará em uso relativamente disseminado em 2010 a tecnologia conhecida como PTV – a TV baseada no protocolo IP da internet, que permitirá compressão e transmissão de programas de TV digital até pela linha telefônica comum e, claro, pela internet veloz.
COPA DE 2018
Daqui a doze anos, pelo ritmo e pela direção das atuais apostas tecnológicas, deverão nascer os primeiros estádios virtuais para o grande público. Serão ginásios cobertos, com arquibancadas ou poltronas confortáveis, telas gigantes de 11 metros de diagonal para as imagens da Ultra High Definition Television (UHTV). Essas arenas estarão equipadas também com telões prontos para exibir as primeiras transmissões públicas de TV tridimensional.
A nova televisão de alta definição está sendo criada pela empresa japonesa NTT. Suas primeiras demonstrações foram feitas em janeiro passado em Las Vegas, na Consumer Electronics Show. Enquanto a TV de alta definição forma a imagem com o uso de, no mínimo, 1.080 linhas de 1.600 pixels (ou 1,8 milhão de pixels, ou pontos luminosos), a UHTV terá imagem formada por 7.680 linhas de 4.320 pixels cada uma – ou seja, um total de 32 milhões de pixels. Com imagens de definição tão elevada, os monitores poderão chegar a 450 polegadas (11,43 metros) de diagonal e oferecer vinte canais de áudio de alta fidelidade. Pelo planejamento dos japoneses, a UHTV poderá fazer sua estréia na Copa do Mundo de 2018 e tornar-se realidade comercial por volta de 2020, não apenas nos telões de estádios, mas também nos shows e espetáculos ao ar livre.
2050, VITÓRIA DOS ROBÔSAgora, vamos dar um salto quântico rumo ao futuro e imaginar como será a Copa do Mundo de 2050. Entre outros avanços, ela poderá ser transmitida mundialmente via satélite com imagens holográficas tridimensionais. Assistiremos às partidas com todos os recursos da realidade virtual, diante de campos de futebol projetados dentro de casa, em salas especiais, ou em ginásios. A imagem holográfica dos jogadores em ação, de tão real, pode ser confundida com pessoas de carne e osso. Em 2050 pode ocorrer nos gramados o que se deu no mundo do xadrez em 1997, quando o grande mestre russo Garry Kasparov foi derrotado pelo computador Deep Blue, da IBM. Uma aliança internacional de pesquisadores, que promove anualmente a copa dos robôs, a RoboCup – realizada neste ano na Alemanha –, está se preparando para o grande confronto, aquele em que sua equipe de robôs vai superar qualquer time humano. Esses cientistas trabalham com três tipos de robô: os domésticos, os futebolistas e os de salvamento. O Brasil participou da RoboCup 2006 com os Itandroids, equipe de estudantes do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Os netos desses estudantes, talvez, assistirão à partida entre a seleção mundial campeã de futebol de 2050 e a seleção de robôs futebolistas. A meta dos cientistas é criar até 2050 uma equipe de robôs tão avançados que possa vencer com facilidade a seleção campeã da Fifa. Tudo que vimos no filme Eu, Robô se tornará possível, se não em 2035 – como previa o escritor Isaac Asimov –, pelo menos até 2050.