Folha de S. Paulo
14/7/2006
Prontidão propriamente não há, mas basta o governador Cláudio Lembo
estalar os dedos na reunião de hoje entre ele, o ministro Thomaz
Bastos e as duas equipes para que brigadas especiais do Exército
sejam deslocadas para São Paulo.
A idéia, mais uma vez, não é botar oficiais e soldados trocando tiros
nas ruas com bandidos do PCC. É impor a sensação de que há Estado, há
lei, há comando, inclusive com efetivos militares ostensivamente
distribuídos pela capital e pelo interior do Estado. Como foi no Rio.
Eles poderão ser usados para uma megaoperação de transferência de
presos entre as penitenciárias de dentro e de fora de São Paulo. Além
disso, têm recursos especiais para identificar líderes e detectar
conversas e intenções. É o que se chama de "inteligência".
Mas o mais importante é que os dois executivos -o governo federal,
via Thomaz Bastos, e o estadual, com Lembo- conseguiram ter uma
conversa pragmática ontem, descontaminando um plano esquematizado
comum do vírus político-eleitoral. Enquanto os partidos (PFL, PSDB e
PT) se esgoelam, os dois governos vão tentar operar.
A partir dessa boa notícia, poderão surgir novas no encontro de hoje -
como o emprego de equipamentos sofisticados, de efetivos, de
recursos. Afinal, já está claro para todo mundo, principalmente para
os líderes do PCC, que o governo estadual e até o governo federal,
sozinhos, perdem essa guerra.
A grande incógnita é quanto à capacidade de contra-ofensiva da facção
criminosa, que até aqui tem surpreendido com modus operandi
articulado, ágil e tristemente eficaz. Será um teste de forças, e
isso sempre tem um alto grau de risco.
Mas, convenhamos, é melhor fazer algo e dar um basta do que continuar
sem fazer nada, todos perplexos, todos derrotados.
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