Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Editorial da Folha de S Paulo

O RITMO DA DEVASTAÇÃO
 
É uma boa notícia a redução de 30,5% no ritmo de desmatamento da Amazônia legal em 2004-2005 anunciada anteontem pelo governo. Pelas estimativas do Ministério do Meio Ambiente, o biênio 2004-2005 registrou a devastação de 18,9 mil km2 de florestas contra 27,2 mil km2 em 2003-2004. O dado positivo, entretanto, revela também a pouca prioridade que o governo confere ao problema do desflorestamento.
Com efeito, essa parece ser mais uma área na qual o Estado, em vez de atuar como um agente indutor de mudanças vinculadas a diretrizes previamente estabelecidas, continua reagindo a circunstâncias externas.
Apesar dos vários planos para a região, a série histórica do desmatamento sugere que é o ritmo da economia que em larga medida determina o tamanho da destruição da floresta. Diga-se em favor do governo que a ação da Polícia Federal na Operação Curupira, que desbaratou um esquema de corrupção no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de Mato Grosso, teve papel importante para manter sob controle a derrubada de matas no Estado. Mas, de novo, temos uma situação em que a sobrevivência das matas depende mais de fatores conjunturais -o sucesso de uma investigação- do que de uma estratégia de longo prazo.
Além da perda das matas, o desflorestamento implica ameaça a espécies nativas e aumento das emissões de CO2, o principal causador do temível efeito estufa. Há ainda impactos importantes nos regimes hídrico e pluvial de toda a região.
É imperativo, portanto, que o governo seja capaz não tanto de traçar uma política para a Amazônia -o que já faz a contento- mas de impô-la. É preciso deter a exploração econômica predatória, canalizando-a para atividades compatíveis com a preservação da floresta.
Não se pode aceitar que a administração dos valiosos recursos naturais do país fique ao sabor de grupos e pessoas cuja única preocupação parece ser lucrar o máximo no menor período de tempo possível, pouco importando as conseqüências ambientais de suas ações.

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