BLOG Carlos Alberto Sardenberg,
A ação coordenada dos principais BCs do mundo – reduzindo juros em caráter emergencial – deixou claro o entendimento global do momento: combater a crise financeira é muito mais importante do que as preocupações com a inflação.
Sendo assim, e sendo verdade que a crise financeira já está no Brasil, o Banco Central do Brasil está com a posição trocada. Nosso BC está em um ciclo de alta de juros para combater a inflação - em um movimento que é anterior ao agravamento da crise.
Ou seja, o BC aqui poderia se reunir de imediato, fora do calendário normal, e entrar no ciclo mundial de derrubada de juros.
Não seria surpresa se o BC fizesse isso ainda hoje ou nos próximos dias.
A menos que o pessoal lá acredite que a crise chega aqui como uma ondinha.
Fed coordena ação inédita dos bancos centrais: corte global dos juros
Bancos centrais do mundo fazem um lance inédito, ousado e forte. É a principal notícia da ação contra a crise financeira. Agorinha mesmo, o Federal Reserve, Fed, dos EUA, anunciou uma ação coordenada com os outros principais BCs do mundo, da Europa, da Inglaterra, Suiça, Suécia e Canadá, para redução geral das taxas básicas de juros.
Esse tipo de movimento é inédito. BCs seguem suas próprias lógicas e devem lidar com os níveis locais de inflação. E, por sinal, há inflação elevada na maioria dos países.
Neste momento, porém, a crise financeira se sobrepõe à inflação. E o caráter global da crise exige ação global – coisa que parecia difícil. Mas saiu e é uma grande notícia: os BCs atropelaram seus calendários de reuniões e, em caráter de enorme emergência, anunciaram reduções de juros – tudo no esforço global de impedir o colapso dos sistemas financeiros por falta de crédito.
Detalhe: toda a operação foi anunciada em um comunicado do Fed, em vez de comunicados de cada BC. O propósito parace ser o de deixar claro que há uma coordenação global contra a crise.
O Banco Central da China também reduziu juros. O do Japão não o fez, informa o comunicado do Fed, porque os juros lá já estão abaixo do mínimo.
Mais do que o tamanho do corte do juros – e foi forte (veja a reportagem na página de abertura) – o decisivo nesta hora é mostrar a capacidade de ação coordenada.
Os BCs reforçam uma atuação notável.