Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, outubro 12, 2007

A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR por Augusto de Franco


11.10, 17h02


O exercício da luta política democrática, sobretudo em circunstâncias como a que vivemos, em que a democracia é alvo de ataques solertes de um manipulador neopopulista que usa a democracia contra a democracia com o objetivo de restringi-la, exige algum tipo de preparação que nossas oposições - está visto - não têm absolutamente!

Depois da leniência em relação ao caso - basta ver como Renan foi confortado por importantes senadores oposicionistas diante da primeira revelação sobre seus negócios escusos com uma empreiteira - agora a oposição quer auferir algum lucro da situação insustentável do presidente do Senado. Agora? Agora é um pouco tarde para isso.

Pedir a renúncia de Renan, mantendo o seu cargo como senador, é uma saída que só interessa ao governo, que assim arranjará uma desculpa para afastar o aliado que se tornou incômodo.

Aprendam um pouco de luta política prática, seus basbaques. Do contrário vocês nunca mais conseguirão levantar a cabeça diante de um adversário que quer desconstitui-los como força oposicionista ou capturá-los e amansá-los para usá-los como força auxiliar (coisa que já vem fazendo). Apliquem um pouco da inteligência humana: a renúncia de Renan da presidência interessa ao governo. Logo, não interessa mais à oposição. O que interessa então à oposição democrática? Mostrar por que Renan foi (e ainda continua sendo, salvo prova em contrário, que não existe, pois nem mesmo a maioria dos senadores petistas declarou-se favorável à perda do mandato de Renan) apoiado por Lula, pelo PT, pelo governo e pelos partidos aliados.

Renan não é o adversário da oposição democrática. O adversário é Lula. Renan não é a principal ameaça à democracia brasileira. A ameaça é Lula. Renan só pôde afrontar a democracia porque contou para tanto com o apoio de Lula. Renan é uma conseqüência direta do esquema criminoso de poder que foi montado pelo lulopetismo no Brasil. Se queremos desmascarar tal esquema - e esse é o principal tema da democracia brasileira nos dias que correm - temos que criar condições para que Renan diga o que Lula não quer que ele diga!

A tática oposicionista, portanto, deve ter Lula como alvo principal. Não deve facilitar a vida para ele e sim expor os seus malfeitos e confrontá-lo, colocando na pauta a pergunta que não quer calar: 'Por que Renan foi mantido até aqui por Lula, pelo PT, pelo governo e pelos partidos aliados?' Por quê?

Como escreveu um leitor do site www.democracia.org.br (chamado Carlão), em um comentário de hoje, "se o "kumpanhêro" Renan abrir a boca, vai começar tudo de novo... Teremos novamente aquela interminável série de reportagens investigativas e capas imperdíveis de Veja; longas e explosivas entrevistas na FSP; gravações contendo diálogos simplesmente inacreditáveis sobre "dutos" de dinheiro público e incríveis conchavos políticos articulados pelo Partido Único do Grotão; propostas de CPIs pra todo lado, com os desgovernistas tentando barrá-las ou, pelo menos, ocupar tanto a presidência quanto a relatoria, para obstruir as investigações; levas de petralhas abestalhados, mentindo descaradamente para o país inteiro ou, então, usufruindo do "direito de ficarem calados"; as divisões Iraque (CUT), Hamurabi (UNE) e Medina (MST) do Exército Vermelho ameaçando sair às ruas; as "oposições"(?) se reunindo para "NÃO" pedir o impeachment do desgovernante e o desgovernante, por sua vez, jurando de pés juntos que, como o Jamanta da história, "não sabia nem nunca soube de nada"; e, no final das contas, a imenso decepção de vermos essa montanha toda parindo um rato: o terceiro mandato para o desgovernante! "Com a força do povo"!

Será possível que nossos oposicionistas sejam tão desprovidos de inteligência? Conhecendo alguns, como conheço, imaginava que não. Mas agora estou em dúvida.

Por outro lado, talvez não seja falta de inteligência, mas irresponsabilidade e covardia mesmo.

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