Entrevista:O Estado inteligente

domingo, julho 15, 2007

CLÓVIS ROSSI Um risco no teflon


SÃO PAULO - Diz a lenda que Luiz Inácio Lula da Silva é o teflon da política: nada gruda nele, nem escândalos, nem as bobagens que de vez em quando diz, nem inação administrativa, nada.
A seqüência de vaias na abertura do Pan mostra que a realidade é algo mais complexa do que diz a lenda. Tudo bem que o Rio de Janeiro sempre foi irreverente, sempre teve uma quedinha forte pelo oposicionismo, mas deixar um presidente da República pendurado no microfone sem a escada é um baita constrangimento, ainda mais quando mostrado ao vivo no horário nobre.
A realidade mais complexa que a lenda começa, aliás, com uma leitura menos ufanista (para o presidente) do resultado eleitoral. No primeiro turno, Lula teve 46,6 milhões em 125,9 milhões possíveis. Dá, portanto, 37%, índice ruim para uma hipotética Olimpíada de popularidade de governantes.
Significa que dois terços dos eleitores ou queriam outro presidente ou não tinham por Lula (ou por qualquer candidato) entusiasmo suficiente para movê-los a sair de casa para votar.
No segundo turno, Lula subiu para 58,2 milhões de votos, ainda assim abaixo da maioria absoluta (ficou com 46,2%).
Elegeu-se porque a regra -absolutamente legítima, aliás- leva em conta apenas os votos válidos.
É claro que a vaia não torna Lula impopular. Nem o constrangimento levá-lo-á a cortar os pulsos.
Seus áulicos na mídia e na academia até poderão criar mais uma teoria conspiratória debilóide e inventar que a elite comprou todos os ingressos da festa do Pan só para vaiar Lula. Pode até ser, mas aposto que em festa da Febraban ele jamais será vaiado.
Idiotices conspiratórias à parte, vale o fato de que a realidade é mais complicada do que sugerem a autolouvação e o culto à personalidade que se faz com Lula.

crossi@uol.com.br

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