Entrevista:O Estado inteligente

domingo, abril 15, 2007

ELIANE CANTANHÊDE Bicos e penas

BRASÍLIA - Sem a Presidência, sem a metade do PMDB que era deles, sem muita segurança no casamento com o DEM (ex-PFL) e sem os mensaleiros que pulam em qualquer ninho, os tucanos parecem um tanto esbaforidos. A cada pesquisa confirmando a popularidade de Lula, penas voam, bicos afinam.
FHC observa tudo de longe, dando aulas nos EUA, mas vez ou outra passa pelo Brasil para acalmar tucanos, uns poucos neo-democratas e, agora, quase nenhum peemedebista. Nelas, admite que Lula está muito sólido -""não adianta tapar o sol com a peneira"-, mas avalia que "o tempo" vai mostrar o essencial: que o governo Lula é fraco, não tem um só programa, um só projeto, uma só marca própria.
Se o governo é fraco, por que Lula é forte? Em resumo, FHC ensina aos aflitos tucanos e neo-democratas que Lula manteve a estabilidade, ampliou o Bolsa-Família que ele próprio implantou como Bolsa-Escola e foi beneficiado pelo cenário internacional, quando, na era tucana, houve quatro crises. Nada disso, acha, dura para sempre.
Além disso, FHC e seus tucanos analisam que os partidos não viram na campanha e não estão vendo agora outra perspectiva de poder fora Lula e que a origem operária cria constrangimento em setores intelectuais que se sentem compelidos a aplaudir tudo o que Lula faz.
E, enfim, o mais importante é que Lula aderiu à lógica do mercado e o capital está feliz com ele. Ninguém quer mexer em ninguém.
Na avaliação do grão-tucanato, isso tende a mudar em dois anos, quando Serra e Aécio puderem se desligar um pouco da condição de governadores para se posicionar como candidatos, abrindo uma nova perspectiva de poder e novos pólos de atração de partidos, parlamentares e do tal mercado.
Que os tucanos nos ouçam, mas vale uma ressalva: se é que, até lá, Lula já não terá engolido todos, até o próprio Serra e o próprio Aécio.

elianec@uol.com.br

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