O Estado de S. Paulo |
17/12/2006 |
Já não se sabe o que esperar do pacote redentor a ser anunciado na próxima quinta-feira. Cada dia o presidente Lula parece descobrir uma encrenca nova. Primeiro, entendeu que faltavam investimentos. Mas foi informado que só o BNDES tem R$ 60 bilhões por ano para emprestar e, no entanto, até novembro, não conseguiu aprovar mais do que R$ 42 bilhões. Em seguida, se impressionou com os bloqueios impostos pela burocracia ("Só no Rio de Janeiro a Petrobrás tem 34 projetos parados à espera de licenciamento ambiental", disse); pela Justiça, que demora demais para dirimir conflitos; ou pela falta de clareza nas regras do jogo. Foi quando o presidente pareceu empenhado em "destravar a economia". Agora, parece convencido de que falta capacidade administrativa. Tanto que determinou que cada projeto terá um gerentão que faça acontecer. Os elementos que nos chegam depois de tantas reuniões ministeriais e dezenas de balões-de-ensaio mostram que a elaboração do pacote vai sendo improvisada, aparentemente para passar a impressão de que o presidente inicia o segundo mandato com uma agenda agressiva, não mais centrada no combate à pobreza, mas no combate à estagnação. O objetivo inicialmente declarado foi garantir as condições para um crescimento de 5% ao ano. Ao longo do seu primeiro mandato, o presidente Lula anunciara solenemente o "espetáculo do crescimento" e hoje parece constrangido por não ter entregado a encomenda. Da mesma forma, a equipe econômica anunciou o "círculo virtuoso" e também parece ter ficado desapontada por chegar ao final do ano com mãos mais vazias do que cheias. Sexta-feira, o ministro Guido Mantega preparava a opinião pública para uma espécie de revisão das expectativas. Observou que não é aconselhável amarrar-se a um número redondo, especialmente se ele está tão acima do desempenho da economia ao longo dos últimos quatro anos (média de 2,4%), sem que tenham mudado as condições gerais. Além desse, o pacote em gestação tem outro vício original. Está sendo costurado sobre princípios confusos. De um lado, o presidente Lula não quer aventuras heterodoxas que descambem para um surto de crescimento sem garantia de sustentação; de outro, quer ousadia e, nessas condições, rejeita receitas certinhas ou fórmulas que impliquem distribuição de contas a pagar para o contribuinte e para o aposentado. É o que vai levando a equipe econômica a enfiar a toque de caixa no mesmo embrulho projetos não inteiramente maturados. De todo modo, desse pacote sabe-se que o governo Lula se afastou do caminho errado. Entendeu que o crescimento não virá por meio da derrubada simplista dos juros nem por meio da desvalorização artificial do real - como pregavam dirigentes do PT -, mas pela criação de condições para aumento do investimento. No entanto, o presidente Lula corre o risco de não ir muito longe, na medida em que esse pacote tende a agir mais sobre os sintomas do que sobre as causas da nossa estagnação produtiva. O governo reconhece, por exemplo, que a alta carga tributária, que quase não deixa nada para o investimento, é forte obstáculo a remover. Mas, em vez de atacar o problema, prefere distribuir isenções tributárias canalizadas para um punhado de setores eleitos sabe-se lá com que critério. Convenceu-se de que a Previdência é um ralo. Mas, em vez de fechá-lo com uma reforma profunda, o trata com enganações. Fossem estas apenas falhas de execução de uma estratégia, daria para escrever que só erra quem tenta. Mas nem isso dá para dizer, porque não há estratégia. A montanha geme dores de parto. O risco é o de que dê à luz apenas um camundongo. |
Entrevista:O Estado inteligente
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segunda-feira, dezembro 18, 2006
Celso Ming - A montanha geme
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