Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 16, 2006

O fim do coronel do Carandiru

VEJA
Paixão, ciúme e assassinato

Para a polícia de São Paulo, é quase impossível
não indiciar a advogada Carla Cepollina pelo
assassinato do coronel Ubiratan Guimarães


Juliana Linhares


Montagem sobre fotos de Evelson de Freitas,
Jose Luis da Conceição/AE e Luludi/Luz
TRIÂNGULO AMOROSO
O coronel Ubiratan, sua namorada, a advogada Carla Cepollina, e a delegada da Polícia Federal Renata Madi, com quem ele também mantinha um romance

EXCLUSIVO ON-LINE
Em Dia: Massacre do Carandiru

O assassinato do coronel Ubiratan Guimarães, o comandante da invasão policial do presídio do Carandiru, em 1992, que resultou na morte de 111 detentos amotinados, parecia ser, num primeiro momento, mais uma obra dos criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC). Mas essa possibilidade não demorou a cair por terra. Para a polícia de São Paulo, o caso está perto do fim. Na noite de sexta-feira passada, a polícia paulista dava como certo que:

1) Na noite do último dia 9, quando Ubiratan recebeu o tiro de morte em seu apartamento, sua então namorada, a advogada Carla Cepollina, estava presente à cena.

2) As evidências de que ela apertou o gatilho do revólver do qual saiu a bala que matou o coronel são de tal ordem que será quase impossível não apontá-la no inquérito como a autora do disparo fatal.

A convicção da polícia está baseada no resultado das investigações realizadas até agora e no depoimento de seis testemunhas. Três moradores do prédio de Ubiratan ouvidos pela polícia disseram ter escutado um forte estampido por volta das 19h30. Além disso, dois porteiros afirmaram que Carla deixou o apartamento do namorado em torno das 20h30. Por último, a delegada da Polícia Federal Renata Azevedo dos Santos Madi, com quem o coronel também mantinha um romance, conversou com ele por telefone às 19h01. Às 20h05, em novo telefonema para a casa de Ubiratan, foi informada por Carla de que ele estava dormindo. Mas tudo leva a crer que, nesse momento, o coronel já se encontrava morto. Sabe-se que, pouco antes de morrer, o coronel discutiu com Carla por causa de Renata. A briga, suspeita a polícia, pode ter incluído uma tentativa de agressão física por parte da advogada, por parte do coronel ou de ambos. Carla, pelo menos, apresenta arranhões nos braços e hematomas na região das pernas. À polícia, ela disse que os ferimentos haviam sido produzidos dias antes da morte do coronel, quando ela tentava apanhar um objeto que havia caído do console de seu carro. Os policiais acham que a advogada mente.


O CASAL
Ubiratan e Carla conheceram-se numa festa da cavalaria da PM. Vinte e três anos mais velho do que a advogada, o coronel estaria tentando se distanciar da namorada nos últimos tempos. Ela, ao contrário, queria se casar

Ubiratan, de 63 anos, e Carla, de 40, conheceram-se há cinco anos, quando a mãe dela, a também advogada criminalista Liliana Prinzivalli, não pôde participar de uma festividade na sede da cavalaria da Polícia Militar de São Paulo e pediu à filha que a substituísse. Guimarães estava lá e se encantou com a beleza da moça. Convidou-a para almoçar naquele mesmo dia e, a partir de então, começaram a trocar telefonemas e a sair juntos. Até 2004, o casal manteve um relacionamento inconstante. "Eram encontros espaçados, uma relação que não poderia ser considerada namoro", diz Liliana. Em meados daquele ano, o coronel convidou Carla para fazer uma caminhada nos arredores de São Paulo. Foi o início do namoro "oficial", segundo a mãe. "Desde o início, eu desaprovei a relação", comenta ela. "Os dois tinham níveis muito diferentes. Carla é advogada, fala cinco línguas e morou na Europa. O coronel não sabia nem combinar o cinto com o sapato. Não tinha a menor classe", afirma. Carla é formada em direito pela Universidade de São Paulo e em administração pública pela Fundação Getulio Vargas, com MBA na Itália. Nasceu e criou-se nos Jardins, bairro de classe média alta de São Paulo, e estudou no tradicional colégio Dante Alighieri.

A relação de Carla e Ubiratan foi desde o início pontuada por brigas e separações. Carla, afirmam amigos do coronel, se ressentia do fato de o namorado não gostar de freqüentar as festas que a família dela promovia e de não levá-la para as reuniões na casa de seus amigos. Poucos meses atrás, os dois tiveram uma discussão por causa da comemoração do aniversário do pai de Carla, o empresário italiano Franco Cepollina. Carla convidou Ubiratan para a festa e o coronel disse que não iria. O casal passou o dia brigando e, no fim, Carla foi sozinha à comemoração. Na manhã seguinte, ligou para o gabinete do namorado – que era deputado estadual pelo PTB de São Paulo e candidato à reeleição. Disse à sua secretária: "Fale para o seu patrão que a noite passada eu dancei e bebi muito e que a coisinha mais humilde que eu comi foi caviar vermelho". No gabinete do coronel, Carla era tratada pelos funcionários como "a primeira-dama". "Ela chegava aqui e trocava todos os quadros de lugar. No outro dia, vinha e enchia a sala com fotos dela e do coronel. Todas as manhãs, telefonava para saber qual seria a agenda dele", conta uma das assessoras. Amigos de Ubiratan dizem que ele havia se desinteressado de Carla nos últimos seis meses. Mas que ela, ao contrário, dava mostras de querer estar cada vez mais perto dele. Comprava-lhe ternos e sapatos, convenceu-o a fazer cirurgia corretiva de miopia e, insistentemente, sugeria casamento. Por causa de suas teimosias, os três filhos do coronel – um psicólogo, um jornalista e um engenheiro agrônomo, todos na faixa dos 30 anos – passaram a chamá-la de "Marla", num trocadilho com "mala".

Luludi/Luz
NAMORO REPROVADO
Liliana Prinzivalli, mãe de Carla: "O coronel e minha filha eram de níveis muito diferentes"


As trajetórias pessoal e profissional do coronel Ubiratan e de Carla eram, como diz a mãe da advogada, muito diferentes de fato. Ubiratan nasceu em Itaquera, bairro da periferia de São Paulo. Aos 18 anos, entrou para a academia de polícia. Em 1964, auge do regime militar, passou a integrar o regimento de cavalaria da PM. Em 1972, foi alçado ao cargo de capitão e, em 1980, ao de major. Foi nesse mesmo ano que Ubiratan ganhou notoriedade no meio policial. O então governador do estado de São Paulo, Paulo Maluf, nomeou-o comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) – naquele tempo, a divisão mais violenta da polícia paulistana. O militar permaneceu lá até 1983. Em 1989, foi nomeado pelo governador Orestes Quércia chefe do policiamento da Grande São Paulo. Foi com esse título que, em 1992, comandou a invasão ao presídio do Carandiru, episódio que resultou na morte dos 111 presos. Em 2001, levado a júri popular, foi condenado a 632 anos de prisão pela matança. Não passou nem um dia sequer detido. Recorreu em liberdade e, em fevereiro deste ano, conseguiu a anulação da sentença. Desembargadores do Tribunal de Justiça entenderam que o coronel havia agido "no estrito cumprimento da lei". Desde as eleições de 2002 havia escolhido o número 111 para representá-lo nas urnas.

Ubiratan sempre temeu ser morto por um de seus muitos desafetos. Esse medo se tornou ainda maior depois que o PCC, facção criminosa nascida nas cadeias paulistas, passou a perseguir e assassinar policiais. Tornado símbolo da opressão carcerária desde a matança do Carandiru, o coronel era, aos olhos do crime organizado, troféu dos mais cobiçados. Para proteger-se, mantinha em casa sete armas. Pouco antes de morrer, havia encomendado mais uma – que não chegou a ver. Quando saía às ruas, usava presos em seu corpo pelo menos dois revólveres de calibre 38. O carro em que andava, um jipe Troller de cor azul, era blindado. No meio deste ano, havia pedido a um de seus auxiliares que instalasse trancas nas duas portas de sua casa. Recentemente, seus assessores de campanha haviam tomado mais uma precaução para tentar proteger o chefe: na agenda de visitas do candidato, regiões da cidade com alto índice de criminalidade, como o Jardim Ângela e o Jardim Miriam, haviam sido riscadas do roteiro. Ubiratan, dizem amigos, gostava de cultivar a imagem de durão. Jamais aparecia sorrindo em fotografias, por exemplo. Chegava a mandar que seus assessores destruíssem fotos em que aparecesse de forma mais descontraída.


Edu Garcia/AE
Nellie Solitrenick/Ag. O Globo
MATANÇA NO CARANDIRU
Parentes de presos aguardam notícias depois da invasão comandada pelo coronel Ubiratan (à dir.) que resultou na morte de 111 detentos

Se, no plano profissional, o coronel era conhecido pela sisudez, no pessoal era dado a uma vida de prazeres. Gostava de pescar, de freqüentar animadas cantinas italianas e de beber com os amigos. "O coronel nunca foi para a cama antes do terceiro copo", conta um de seus amigos mais próximos. Ubiratan também mantinha uma vida amorosa movimentada. Desde a separação de sua primeira e única mulher, Marisa, morta em 1993, em decorrência de um câncer, o coronel passou a ser visto com mulheres jovens e bonitas. Uma delas era a delegada Renata, ou Renatinha, como ele a chamava. Filha de um empresário de Bauru, no interior de São Paulo, Renata tem 25 anos e formou-se em direito pela Universidade Mackenzie, em São Paulo. Morou na capital paulista com a mãe até ir para Brasília, no ano passado. Durante todo o tempo em que esteve com Carla, Ubiratan manteve um romance paralelo com a delegada. Só no ano passado, foi encontrar-se com ela três vezes em Brasília. Em julho, Renata mudou-se para Belém, no Pará. O telefonema do sábado passado, que aparentemente deflagrou a ira de Carla, foi apenas um dos muitos que ela e Ubiratan trocavam semanalmente.

Em depoimentos à polícia, Carla e Renata deram suas versões sobre as ligações que antecederam a morte do coronel. Pelo relato de Carla, no sábado, ela e o namorado chegaram ao apartamento de Ubiratan à tarde, vindos do comitê eleitoral do coronel. A advogada preparou caipirinhas de caju e maracujá, os dois beberam e Ubiratan foi tomar banho. Ela fez o mesmo e, em seguida, deitou-se ao lado do namorado. Depois de manterem relações sexuais, o coronel permaneceu na cama e ela foi à cozinha aquecer o que seria o almoço do casal: siri ao forno. Foi nesse momento que o celular do coronel, que estava sobre a mesa de jantar, tocou. O nome "Renatinha" apareceu no visor do aparelho e Carla atendeu. Depois de falar brevemente com a policial, passou o aparelho ao coronel, que, constrangido com a presença da namorada, desligou rapidamente. Minutos depois, Renata voltou a ligar para o coronel, dessa vez em seu telefone fixo. Carla afirmou à polícia que o aparelho tocou de cinco a seis vezes. Devido à insistência dos chamados, a advogada disse ter resolvido atender o telefone. O coronel, segundo ela, estaria dormindo nesse momento. Ela afirmou à polícia ter dito a Renata que parasse de "importunar e criar atritos" entre ela e Ubiratan. Encerrou o telefonema dizendo à rival: "Se toca, se manca". Minutos depois, deixou o apartamento. Renata, em depoimento prestado à PF do Pará, confirmou parcialmente a versão de Carla. A delegada afirmou que a advogada atendeu a suas duas ligações, sem, no entanto, repassá-las ao deputado. Numa dessas vezes, Carla teria colocado o telefone perto de um aparelho de som, que tocava ópera em alto volume.

O corpo do coronel Ubiratan foi encontrado no domingo, um dia depois de sua morte. Durante a noite do sábado e todo o dia de domingo, familiares do coronel haviam ligado para seus telefones, sem receber retorno. Ao tomar conhecimento disso, o chefe de gabinete do coronel, Eduardo Anastasi, e um de seus assessores parlamentares, o coronel Gerson Vitório, preocupados, foram até o prédio de Carla para pedir a ela que emprestasse a chave do apartamento do namorado. O chefe de gabinete contou-lhe que Ubiratan estava desaparecido. Carla entregou-lhes a chave e, segundo Anastasi, teria dito a eles: "A tranca de cima está com duas voltas. A de baixo, com uma". Ao relembrar o diálogo com Carla, Anastasi avalia: "Ela só poderia saber com quantas voltas a porta estava fechada se tivesse certeza de que foi a última a fechá-la – ou seja, se tivesse certeza de que foi a última a ver o coronel com vida". À noite, Anastasi e Vitório seguiram para o apartamento do coronel. Pelo visor da porta, perceberam que as luzes internas estavam acesas. "Vinte dias antes, o coronel havia se submetido a um cateterismo. Começamos a achar que ele podia ter sofrido um infarto e morrido por falta de socorro", conta Anastasi. Quando entraram no apartamento, encontraram o corpo do militar estendido na sala, com uma toalha enrolada da cintura para baixo e uma perfuração de bala no abdome. Os assessores permaneceram no apartamento do coronel durante toda a madrugada, acompanhando o trabalho da polícia e dos peritos. "Durante o tempo todo em que ficamos lá, Carla não telefonou para saber o que havia acontecido", conta Anastasi. A polícia está certa de que Guimarães foi morto com um de seus próprios revólveres. A arma do crime permanece desaparecida.

Carla Cepollina já prestou três depoimentos à polícia. Em um deles, dado na terça-feira, chegou a ser interrogada durante treze horas por policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O departamento, dirigido pelo delegado Domingos Paulo Neto, é o mesmo que resolveu o caso de Suzane von Richthofen, a estudante que participou do assassinato dos pais em 2002, e o de Gil Rugai, o ex-seminarista acusado de matar o pai e a madrasta em 2004. Durante as inquirições, Carla, à exceção de breves momentos de choro, mostrou-se firme e manteve o comportamento descrito como "aristocrático" por policiais que acompanharam o depoimento. Postura ereta e voz clara, não se alterou na maior parte do tempo – apenas suas mãos transpiravam muito, notou um dos investigadores. Nos próximos dias, a polícia deve receber os resultados das quebras de sigilo telefônico de Carla, Ubiratan, Renata e Liliana. Investigadores aguardam também a conclusão de dois exames: o necroscópico, que apontará a hora exata da morte do coronel, e o residuográfico, que analisará as roupas que Carla usava no dia do crime – e que ela tratou de lavar antes que fossem apreendidas pela polícia. Mesmo assim, peritos dizem ainda ser possível analisar se as peças contêm resquícios de sangue ou de pólvora. A polícia aguarda apenas a chegada desses resultados para indiciar a advogada por crime de homicídio.

Inconformados com a morte do coronel – e, sobretudo, com a maneira como, tudo indica, ela se deu –, amigos de Ubiratan chegaram a difundir teses estapafúrdias para explicar o seu assassinato. Um deles, o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), disse acreditar que alguém do PCC possa ter ligado para a casa do militar, na tentativa de causar em Carla "um intenso ciúme" que a faria matar o namorado. Seria, nas palavras de Faria de Sá, um "crime passional induzido". A declaração do deputado reflete a perplexidade que acometeu muitos dos que conviviam próximos a Ubiratan. Ele, que chegou a ser conhecido como "o monstro do Carandiru", viveu seus últimos anos aterrorizado diante da possibilidade de ser assassinado. Parentes e amigos sabiam que, no seu caso, o risco de isso ocorrer não era pequeno. Mas a vida parece ter pregado uma peça no coronel: se a polícia estiver certa, terá sido o ciúme, e não o ódio ou a vingança, o que pôs fim à sua vida.

HOMENS SÃO MAIORIA ENTRE ASSASSINOS PASSIONAIS


Oscar Cabral
CONDENADA
Dorinha, diante do júri, no segundo julgamento: seis anos de prisão

Na crônica dos crimes passionais, o assassino é, quase sempre, um homem e a vítima, uma mulher. A procuradora de Justiça de São Paulo Luiza Nagib Eluf estudou 100 casos de crimes cometidos entre casais no Brasil de 1873 a 2000. Desse total, apenas dois tiveram mulheres como autoras. Trata-se de um padrão universal. "Valores como possessividade e dominação, freqüentemente presentes nos crimes passionais, são historicamente mais fortes na educação dos homens do que na das mulheres", explica a antropóloga Mariza Corrêa, pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero da Unicamp e autora do livro Morte em Família. No Brasil, o último crime de grande repercussão cometido por uma mulher aconteceu em 1980. A atriz e ex-vedete do teatro de revista Dorinha Duval, então com 51 anos, matou com três tiros o marido, o cineasta Paulo Sérgio Alcântara. Dorinha, que na ocasião interpretava a Cuca no programa da Rede Globo Sítio do Picapau Amarelo, declarou ter ficado transtornada depois que Alcântara, dezesseis anos mais novo do que ela, disse não sentir mais desejo por "uma velha". Um estudo dos psicólogos canadenses Margo Wilson e Martin Daly mostra que a taxa de homicídios entre casais com muita diferença de idade é quatro vezes maior do que entre aqueles com diferença de cerca de dois anos. No Brasil, a regra se aplica no caso de Dorinha Duval e também no do jornalista Antonio Pimenta Neves, que matou a namorada Sandra Gomide em 2000 (veja galeria). Sandra, também jornalista, era 31 anos mais nova do que seu assassino.

A atriz Dorinha Duval, nos tempos de vedete

A pesquisa de Luiza Eluf, que resultou no livro A Paixão no Banco dos Réus (Editora Saraiva), deixa claro que o estopim para a ocorrência do crime passional é quase sempre uma crise de ciúme ou o fim do relacionamento. Também mostra que, ao contrário do que se acredita, o assassinato da parceira é freqüentemente premeditado. "O assassino arma uma emboscada ou, no mínimo, se prepara para a possibilidade de cometer o crime comprando uma arma, por exemplo", afirma a procuradora. Já em relação às mulheres a situação é diferente: quando matam seus parceiros, elas agem muito mais por impulso, motivadas por um episódio específico, diz Luiza Eluf. "Prova disso é o fato de que, nos casos em que as mulheres mataram, quase sempre a arma pertencia à própria vítima." As diferenças entre os gêneros também aparecem nos tribunais. Enquanto elas costumam alegar que eram agredidas e que agiram para se defender, os homens, para justificar seus crimes, apontam a defesa da honra e um amor exacerbado pela vítima. Sobre o último argumento, diz a pesquisadora Mariza Corrêa: "O clichê é falso. Ninguém mata por amor. As pessoas matam, isso sim, movidas por sentimentos de vingança, rancor e possessividade".

Camila Pereira

CRIMES QUE ABALARAM O PAÍS

No início da década de 80, uma manifestação organizada por um grupo de feministas no Rio de Janeiro ajudou a reverter o veredicto que absolvia o playboy Doca Street da morte da socialite mineira Ângela Diniz. Em novo julgamento, Doca foi condenado a quinze anos de prisão e cumpriu a pena. Seu caso entrou para a história como um marco contra a impunidade nos crimes passionais e popularizou o slogan criado pelo grupo feminista: "Quem ama não mata".


A MORTE DA PANTERA

Arquivo Doca Street/Angela Diniz/Livro

Em 1976, o playboy Doca Street matou a namorada Ângela Diniz com três tiros no rosto e um na nuca. O motivo: ela teria proposto dividir a cama com outros homens e mulheres. Doca cumpriu quinze anos de prisão

ASSASSINADA NO PALCO

Paulo Salomão

Em 1981, o cantor Lindomar Castilho matou a ex-mulher Eliane de Grammont. Também cantora, Eliana foi morta no palco do bar Belle Époque, em São Paulo. Lindomar foi condenado a doze anos de prisão

CONDENADO, MAS EM LIBERDADE

Caio Guatelli/Folha Imagem

Com dois tiros à queima-roupa, o jornalista Pimenta Neves matou a ex-namorada Sandra Gomide em um haras no interior de São Paulo. O crime aconteceu em 2000. Condenado, em maio, a dezenove anos de prisão, Pimenta ganhou o direito de recorrer em liberdade

Com reportagem de Camila Pereira e Renato Piccinin

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