Panorama Econômico |
O Globo |
5/9/2006 |
Com o mundo crescendo pelo quarto ano em torno de 5%, é melancólico ver o Brasil reduzir o ritmo de crescimento novamente. Ontem o Banco Central divulgou o que já se esperava: a mediana das previsões do mercado financeiro para o PIB caiu para 3,2%. Nas próximas semanas, vai continuar caindo. O que desanima é saber que de diagnósticos estamos cansados e, mesmo assim, o país não acerta o passo. As empresas reduziram o investimento, o governo aumentou o gasto, as famílias se endividaram e os mais pobres receberam auxílio do governo. Ou seja, o crescimento não é sustentável. Seria se houvesse mais poupança e investimento; menos despesas do governo com gasto corrente e mais com investimento; menos impostos e menos juros. A última vez que o mundo cresceu quatro anos seguidos a essa taxa foi no começo da década de 70. Portanto, é fato raro e deveria ser aproveitado. Passamos por ele com o mesmo passo lento com que atravessamos as crises externas dos anos 70. No boom de crescimento por que passa o mundo, o Brasil conseguiu diminuir a intensidade de apenas um dos problemas que nos afligem: o da solvência externa. O Brasil não é mais insolvente, mas continua tendo um grave problema fiscal. É neste atoleiro que o governo decide aumentar gastos correntes, contratar funcionários sem que haja um prévio ajuste dos termos contratuais do empregador setor público e funcionário, antecipar o décimo terceiro dos aposentados em uma previdência que tem um rombo anual de mais de R$40 bilhões. Tudo para ganhar uma eleição já ganha. Como o presidente está mesmo na frente, ele deveria nos poupar - a nós contribuintes - de novas aventuras que vão nos custar caro mais adiante. Tudo é tão sem-cerimônia que o governo, numa sala, decreta o aumento de gastos, as "bondades"; e, numa outra sala, prepara os cortes e as "maldades" para o momento seguinte ao do fechamento das urnas. Como gastar é mais fácil que cortar, o Brasil se afunda no buraco em que tem estado. Um funcionário público contratado agora, quando não pode ser demitido pelo Estado (mesmo que ele não seja necessário em outro momento), que tem regras de aposentadoria muito mais caras que as do setor privado, isso vai continuar pesando nas costas dos contribuintes pelas próximas décadas. O mesmo acontece com os reajustes nos salários concedidos agora. O Brasil tem um dilema grave no gasto público. Ele precisa gastar mais em algumas áreas, tem de ter mais funcionários em alguns setores, mas tem, ao mesmo tempo, de cortar os gastos porque o peso das despesas públicas, transformado em carga tributária, é que bloqueou nosso caminho em direção do desenvolvimento sustentado. Nove em cada dez economistas, perguntados sobre por que não crescemos, dizem a mesma coisa: o governo gasta demais, a carga tributária é alta demais. O outro economista que não responde isso ainda confunde a causa com a conseqüência e acha que podemos apenas reduzir os juros que tudo estará resolvido. Os juros caíram 5,50 pontos percentuais em 10 reuniões do Copom (ou 12 meses) e, ainda assim, o Brasil permanece no mesmo atoleiro. Eles podem - e devem - continuar caindo, mas o que mantém sempre as taxas altas no Brasil é a desconfiança em relação a um devedor que gasta muito e se endivida para sustentar suas despesas. Enquanto outros países vão tirando da frente os obstáculos para crescer enquanto é possível, enquanto o FMI divulga um relatório com prognósticos mais otimistas para a economia mundial em 2006, o Brasil perde o seu, o meu, o nosso tempo precioso andando para trás. Para o mundo crescer a 5% em média, como prevê o Fundo Monetário Internacional, é preciso que os países de alto dinamismo, que em geral são os emergentes, cresçam mais aceleradamente porque, como se sabe, países como os da Europa, ou o Japão, são áreas naturalmente de baixo crescimento. E, dessa média, é que temos nos distanciado ano após ano, enquanto o governo continua com suas bravatas, achando que basta estabelecer uma meta - uma expressão do desejo - que milagrosamente o número é atingido. O gráfico abaixo mostra que ficaremos para trás, novamente, este ano. Um novo outlook do FMI sairá agora em setembro; considerando as alterações já feitas pelas consultorias, o Fundo deve rever para cima a expectativa de crescimento de diversos países, entre eles, os do Leste da Europa e, mesmo alguns latinos, como Colômbia e México. Já nós, vamos crescer 3% ou um pouco mais e isso, na melhor das hipóteses, num ano em que o mundo está crescendo 5%. |
Entrevista:O Estado inteligente
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terça-feira, setembro 05, 2006
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