Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, setembro 21, 2006

ELIANE CANTANHÊDE A quem interessa?

folha

BRASÍLIA - Recebi centenas de e-mails, vários reclamando de um "complô contra Lula" e perguntando qual o interesse dele e do PT numa lambança contra Serra.
Não sei, mas Ibsen Pinheiro talvez saiba. Ele presidia a Câmara durante a CPI do Collor e virou um potencial adversário de Lula na campanha presidencial seguinte, de 1994. Até que um tal Waldomiro Diniz, assessor de Dirceu e Mercadante, chegou às redações das revistas numa sexta-feira à noite (sem tempo de checar nada direito), com uma conta de US$ 1 milhão no nome de Ibsen. Depois se viu que o US$ 1 milhão era US$ 1 mil. Tarde demais. Ibsen foi cassado, a candidatura evaporou.
Num salto para 2006: Lula vinha franco favorito para ganhar no primeiro turno, alavancando a campanha do PT nos Estados. Por que não dar uma forçada de barra em São Paulo, favorecendo Mercadante e encurralando Serra, potencial adversário do PT em 2010?
Os petistas miraram em Serra, mas acabaram atingindo Lula, que quer pressa no desfecho e anda falando palavrões pelos cotovelos contra o PT. Atrapalhados, não?
Os suspeitos são tantos que caracterizam uma operação conjunta: Freud Godoy (Planalto), Expedito Veloso (Banco do Brasil), Jorge Lorenzetti (churrasqueiro), Oswaldo Bargas (amigão de Lula). E onde arrumaram R$ 1,7 milhão?
Como nas novelas anteriores, já foi escalado um culpado: o presidente do PT, Ricardo Berzoini, "chefe" dos bagrinhos. Se eles são amigos pessoais de Lula, isso é "detalhe". Resta saber se Berzoini aceita se imolar sozinho.
Se aparecer algo contra Serra, a PF vai mostrar e a imprensa vai divulgar. Mas o que há até agora, mais uma vez, é o PT jogando sujo e, depois, se virando para livrar a cara de Lula. Na eleição pode colar. Mas a história não acaba aí. Se vier, o segundo mandato virá com "esqueletos no armário" pavorosos.

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