Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, dezembro 16, 2005

É preciso uma ação urgentíssima EDISON MUSA

O GLOBO


O Rio, escolhido para sediar o segundo maior evento multiesportivo do mundo, tem uma oportunidade magnífica para conquistar um legado para a cidade e para o Brasil. O momento é único para confirmar as suas qualidades, além da natureza privilegiada, de competência e organização.

A realização do Pan-Americano pode ser o passaporte da candidatura brasileira para os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo de Futebol. São expectativas promissoras sob risco de não se concretizarem ante o atraso das obras necessárias para que os jogos ocorram em julho de 2007, conforme está previsto.

O que está em jogo é a credibilidade do povo brasileiro, a capacidade de o Brasil sediar uma edição dos Jogos Olímpicos. É a imagem do país que precisa ser preservada aos olhos dos povos de todo o mundo, atentos às centenas de atletas que lutam para superar seus limites, em busca de recordes e do pódio.

A realização dos jogos precisa — além das obras em andamento do estádio e da vila olímpica — da construção de um complexo esportivo na área anexa ao autódromo de Jacarepaguá, dotado de parque aquático, arena multiuso e velódromo. Só que estas obras — orçadas em cerca de R$ 300 milhões, com geração de quatro mil a cinco mil empregos diretos — deveriam começar em janeiro deste ano, como foi anunciado, mas até agora nem saíram do papel.

Já chegamos ao prazo-limite para o seu início: a construção demora 18 meses, em ritmo intenso de trabalho, em três turnos. O Rio de Janeiro não pode entregar o resultado para as cidades concorrentes. O prejuízo será elevado para a cidade, para o estado e para o país. Viria confirmar a perda da terceira oportunidade disputada pelo Rio para realizar eventos esportivos internacionais. O Rio de Janeiro não merece a marca do fracasso que estigmatizou Santo Domingo, na República Dominicana, em 2003. Aqui, não nos concedemos licença para improvisos e amadorismo.

O parque aquático, a arena multiuso e o velódromo, além do autódromo recuperado, serão depois entregues à população, que terá a seu dispor um complexo esportivo moderno e atualizado, a exemplo de outras capitais que sediaram jogos internacionais, como Atenas, Sidney, Barcelona e Pequim.

Além de perder uma oportunidade maravilhosa de abrigar os Jogos da América, a cidade e, por conseqüência, o país, estarão comprometendo seu desenvolvimento econômico-social. Está se falando da criação de milhares de empregos, do fluxo adicional de turistas, do ingresso de divisas e da movimentação da economia.

A construção do complexo esportivo de Jacarepaguá beneficia, ainda, a valorização ambiental e urbanística de uma área extensa, hoje profundamente degradada e sujeita a invasões e ocupações que já existem lá.

É, pois, com grito desesperado de quem não acredita que isso possa vir acontecer que nós, habitantes desta cidade, conclamamos ao espírito de brasilidade do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao sentimento de patriotismo da governadora Rosinha Garotinho e ao nosso denodado prefeito Cesar Maia, para que se unam em benefício de todo o país, que saberá ser grato e reconhecido.

É vital uma ação rápida, conjunta, coordenada e urgentíssima.

EDISON MUSA é arquiteto.

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