O PT tem que se explicar mais uma vez. O PSDB também
Comentário da cientista política
"Quem imaginava que a cassação de José Dirceu iria marcar o início do fim da crise política pode ir botando as barbas de molho. Pelo visto, esta crise ainda vai render e dar dor de cabeça a muita gente.
A última encrenca em que se meteu o PT foi o pagamento de parte de uma dívida com a empresa do vice-presidente da República. Só que o pagamento foi em dinheiro vivo e não consta da contabilidade do partido. Ou seja, um milhão de reais saíram do caixa 2 do PT.
E o mais fascinante nesta história é que ninguém nega nada. Todo mundo confirma. O PT fez uma encomenda de camisetas para a campanha eleitoral e, como não conseguia pagar, o tesoureiro Delúbio Soares propôs pagar parceladamente.
Uma funcionária do partido levou, de uma só vez, um milhão de reais em dinheiro vivo a uma agência bancária e depositou na conta da empresa do vice-presidente da República.
Que mulher corajosa, diga-se de passagem! Andar pelas ruas com um milhão de reais em dinheiro não é pouca coisa, nos dias de hoje.
Mas, enfim, o dinheiro foi depositado e contabilizado normalmente pela empresa Coteminas. Resultado: quem tem que se explicar, mais uma vez, é o PT.
Depois de idas e vindas, de negativas e de respostas desencontradas, finalmente o presidente do PT, Ricardo Berzoini, telefonou ao vice-presidente da República para se desculpar por mais esta lambança feita pelo Partido dos Trabalhadores. Agora é com a CPI, o Ministério Público e a polícia.
O que é preciso saber é de onde veio esta dinheirama toda. Certamente não saiu das contas de Marcos Valério. Pelo menos não das contas conhecidas até agora.
Do lado tucano, a vida também não está fácil. Além de meia tonelada de cocaína encontrada com um político tucano de Tocantins, também notas frias da campanha presidencial de 2002 voltaram a assombrar o PSDB.
Tudo isto e mais a complicada situação do senador Eduardo Azeredo, envolvido com caixa 2, Marcos Valério e até, dizem mesmo, uma tentativa de chantagem por parte de ex-auxiliares.
Pelo jeito, vamos ter um final de ano emocionante. Muito pouco familiar, mas emocionante."