Entrevista:O Estado inteligente

sábado, dezembro 17, 2005

FERNANDO RODRIGUES O otimismo de Lula

 BRASÍLIA - O presidente da República tem ouvido de muita gente que as últimas pesquisas de opinião não são tão ruins assim. Além disso, a economia já estaria embicando para crescer de maneira vigorosa neste quarto trimestre do ano.
Por essa razão, Lula talvez tenha partido para o ataque ontem, em Recife, ao lado de Hugo Chávez. Falou como se não estivesse decidido: "Se for para ser candidato, é para ganhar as eleições". A leitura interna é que foi uma reação de quem deseja muito passar mais quatro anos nos palácios do Planalto e da Alvorada -este último agora totalmente reformado.
A teoria ouvida por Lula sobre as pesquisas é mais ou menos assim:
1) ondas concêntricas - essa tese antiga usa a imagem da pedra jogada no lago para se referir aos efeitos da atual crise do "mensalão" sobre a imagem presidencial. Ao afundar, a pedra provoca uma série de ondas circulares que acabam atingindo a margem depois de um tempo.
As ondas iniciais são as parcelas mais esclarecidas e mais abastadas da população. As que chegam à margem do lago atingem as camadas mais pobres e menos instruídas;
2) fim das ondas - o Datafolha mostrou que Lula só oscilou positivamente em dois grupos de eleitores: os que têm escolaridade superior e os que ganham entre cinco e dez salários mínimos. Ou seja, nessa parcela da população, o pior já teria passado, segundo a análise governista;
3) recuperação dos pobres - em breve, segue a teoria lulista, não haverá mais ondas. As CPIs vão acabar. Ao mesmo tempo, os menos favorecidos serão beneficiados pelos programas de esmolas federais -muito dinheiro- e pela recuperação da atividade econômica. Dessa forma, em março ou abril, Lula já terá recuperado sua competitividade eleitoral.
Eis aí, então, a avaliação panglossiana ouvida dentro do Palácio do Planalto. Quanto vale esse tipo de previsão? Sem resposta. Só será possível saber no ano que vem.

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