Entrevista:O Estado inteligente

sábado, dezembro 03, 2005

Editorial da Folha de S Paulo

RISCO BRASILEIRO
A despeito de considerável melhora nas contas externas brasileiras, os agentes econômicos do país -públicos e privados- continuam pagando taxas de juros mais elevadas nas captações realizadas no mercado internacional do que os agentes econômicos de outros países que têm nota de risco de crédito equivalente. Há dois meses, as agências de classificação de risco Standard & Poor e Fitch anunciaram que poderão vir a melhorar a nota do Brasil, mas a mantiveram em BB-, três degraus abaixo do nível considerado de baixo risco, chamado "investment grade". Já a agência Moody's elevou a classificação brasileira, igualando-a à das demais agências.
O que chama a atenção é que outras economias classificadas no mesmo patamar pagam em seus títulos um prêmio de 2,7 pontos percentuais acima dos títulos do Tesouro americano, enquanto o Brasil paga cerca de 3,3 pontos. Isso significa que há uma percepção entre os investidores de que o risco brasileiro é maior do que o de países na mesma faixa. Entre as explicações para isso figuram as baixas taxas de crescimento, os reduzidos patamares de investimento, o nível altíssimo dos juros e a elevada carga tributária. Em resumo, o risco observado pelo mercado parece refletir dúvidas sobre a capacidade de o país sustentar um bom ritmo de expansão do PIB para garantir os pagamentos futuros.
Interessada em chegar ao "grau de investimento", a equipe econômica reduziu a dívida pública indexada à taxa de câmbio, antecipou pagamentos ao FMI e pretende liqüidar toda a dívida com os governos dos países ricos. O Banco Central comprou moeda estrangeira no mercado doméstico e o Tesouro anunciou que deverá diminuir a rolagem da dívida externa para 70% dos vencimentos em 2006 e 2007, o que melhoraria seus indicadores de liquidez e de solvência.
É preciso, no entanto, que o país demonstre que está preparado para crescer de maneira mais expressiva e sustentada. A queda do PIB do terceiro trimestre foi, nesse sentido, um enfático sinal de alerta. Para ter credibilidade, não basta operar no campo das finanças: é preciso crescer.

Arquivo do blog