Entrevista:O Estado inteligente

sábado, novembro 08, 2008

A CNN usa holografia na cobertura das eleições

O truque que animou a festa

TV usa técnica de 3D para simular holograma
de repórter na cobertura da celebração da vitória


Gabriela Carelli

Teletransporte
A imagem de Jessica Yellin conversa com o âncora: resultado da operação simultânea de 44 câmeras e vinte computadores

Quem acompanhava a cobertura das eleições americanas pelo canal a cabo CNN, na terça-feira passada, assistiu a um show-surpresa de tecnologia. A certa altura, a repórter Jessica Yellin apareceu no estúdio da emissora em Nova York frente a frente com o âncora Wolf Blitzer. Uma cena banal, não fosse por um detalhe: naquele momento, Jessica estava a 1 150 quilômetros de distância, em Chicago, cobrindo a aclamação popular a Barack Obama no Grant Park. Quem contracenava com o âncora era uma imagem virtual, em três dimensões, da repórter. Uma espécie de holograma, como aquele da cena clássica do primeiro filme da série Star Wars, em que a Princesa Leia aparece ao mocinho Luke Skywalker. O teletransporte da repórter foi sucesso de público – a audiência do canal, comparada à da noite da eleição presidencial de 2004, no mesmo horário, dobrou. Logo as imagens foram parar no site de vídeos YouTube. Na verdade, o truque usado pela CNN guarda pouca semelhança com a holografia. Essa técnica consiste em gravar e reproduzir as ondas eletromagnéticas que compõem a luz, criando uma imagem em três dimensões. Até hoje, só se conseguiram criar imagens holográficas precárias de pessoas.

Divulgação

Socorro, Obi-Wan
Holograma da Princesa Leia no primeiro episódio de Star Wars: igual, por enquanto, só no cinema

A técnica empregada pela CNN foi a telepresença 3D. No parque de Chicago, 35 câmeras de alta definição filmavam Jessica, sobre um fundo verde, captando seu corpo sob todos os ângulos. As imagens eram enviadas a vinte computadores, que as juntavam e reconstruíam a figura de Jessica à perfeição. Os softwares calculavam cada gesto da repórter com relação ao espaço que ela ocupava. As informações eram repassadas à central da emissora em Nova York, onde a imagem de Jessica sob o fundo verde era recortada e reproduzida para o público como se fosse um holograma. No total, 44 câmeras foram utilizadas para criar o efeito especial. A telepresença 3D não é exatamente uma novidade. Diversas empresas a usam para fazer videoconferências entre seus executivos que trabalham em cidades diferentes. "Jessica foi incrustada num cenário, como se faz com as apresentadoras da previsão do tempo, só que por meio de uma imagem virtual, eletrônica", explicou a VEJA Pierre-Alexandre Blanche, do grupo de ciências óticas da Universidade do Arizona. "O próprio âncora viu Jessica em uma televisão comum de 37 polegadas, em 3D", ele informa. A elucidação do truque usado pela CNN não diminui o assombro de ver num estúdio, em carne e osso, uma repórter que se encontrava a quilômetros de distância.

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