Entrevista:O Estado inteligente

sábado, novembro 22, 2008

VEJA Carta ao Leitor Sete cães a um osso


Ademir Almeida/Folha Imagem
Vítimas do fisiologismo Índios guaranis de Mato Grosso do Sul: a Funasa deveria cuidar da saúde deles. Mas quem cuida da Funasa?

As disputas mais renhidas entre os partidos brasileios – e também intrapartidos – ocorrem em torno de cargos na administração federal e suas respectivas verbas. Altos cargos e polpudas verbas, para ser exato. Recentemente, esteve em jogo o dinheiro da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), cujas atribuições principais são o saneamento básico em municípios com menos de 50 000 habitantes e o bem-estar das populações indígenas. De um lado, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. De outro, a agremiação à qual ele próprio pertence, o inefável PMDB. Em certo momento, o ministro chegou a acusar a gestão da Funasa, na esfera peemedebista, de ser "de baixa qualidade e corrupta". Afirmação gravíssima, vinda de alguém em posição de saber o que estava dizendo, e que, fosse o Brasil menos anestesiado, deveria merecer investigação profunda. No entanto, como que por encanto, ao temporal causado por Temporão substituiu-se uma leve brisa e, ao que tudo indica, aproxima-se a calmaria. O motivo do súbito abrandamento está relatado na reportagem que começa na página 70.

Ao cidadão que tenta acompanhar pelo noticiário diário as contendas partidárias por cargos e dinheiro, tudo parece não passar de um Flamengo e Fluminense ou de um Corinthians e Palmeiras, já que não há menção ao que de fato está em disputa. Não se fala sobre as razões que levam os partidos a lançar-se sobre a administração federal com a fome de "sete cães a um osso", para usar uma expressão de Portugal, terra natal de Temporão. Na reportagem sobre a Funasa, órgão com
33 000 funcionários e 4 bilhões de reais de orçamento anual, VEJA vai direto à questão que interessa: a do vergonhoso loteamento fisiológico que impede a gestão profissional da coisa pública. As conseqüências são visivelmente funestas. Entre elas, a corrupção desenfreada e a péssima qualidade do serviço prestado aos brasileiros que trabalham cinco meses do ano só para pagar impostos.

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