Em razão da crise, o Tesouro vai depender cada vez mais da emissão de papéis da dívida interna para financiar sua política anti-recessão. Mesmo essa captação de recursos não é fácil e é cada vez mais cara. Em setembro, o refinanciamento da DPMFi foi de 56,2% e caiu para 54,3% em outubro, enquanto o seu custo médio aumentava de 13,22% para 13,52% no mesmo período.
Nas emissões primárias, verifica-se que os títulos prefixados (LTN e NTN-F) são os mais procurados pelos investidores, que querem saber qual será a remuneração do seu investimento. Esses títulos representaram 72,55% do total emitido em outubro, ante 66,5% no mês de setembro.
O Tesouro assinala como fato positivo a venda de títulos públicos pela internet (o Tesouro Direto), que passou de R$ 114,7 milhões, em setembro, para R$ 259 milhões, em outubro, o que se explica porque esses títulos têm excelente remuneração e alta garantia.
O estoque da DPMFi cresceu em outubro 0,13%, ou R$ 1,6 bilhão, apesar de um resgate superior às emissões, pelo fato de que os juros são apropriados à dívida.
O perfil da dívida interna não melhora. Os papéis que vencem em 12 meses continuam representando 26,38% do total, e o prazo médio reduziu de 40,31 meses, em setembro, para 40,19 meses, em outubro. No caso da dívida mobiliária externa, o prazo médio era de 74,51 meses em outubro, mas, infelizmente, está cada vez mais difícil colocar papéis no exterior.
Considerando que o governo pretende ampliar sua política anti-recessiva, que demanda crescentes recursos para investimento, cabe acompanhar de perto a evolução da dívida interna, uma vez que não se pode contar com a captação externa em grande escala.