Em Appaloosa, só um homem é
capaz de entender outro homem
Isabela Boscov
Divulgação | ||
EU, VOCÊ, NÓS DOIS Mortensen e Harris: um amor que não é erótico, mas nem por isso é menos amor | ||
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Em 1882, Appaloosa, no então território do Novo México, é o que diz o subtítulo brasileiro do filme – uma cidade sem lei. Mas, com a chegada do xerife de aluguel Virgil Cole (Ed Harris, que também assina a direção) e seu parceiro, Everett Hitch (Viggo Mortensen), ela passa ao menos a ser uma cidade com algum freio às atividades predatórias do proprietário de terras Randall Bragg (Jeremy Irons), que formou uma suja, violenta e barbuda milícia particular para melhor tiranizar os moradores. Por quase todas as medidas, Appaloosa (Estados Unidos, 2008), que estréia nesta sexta-feira no país, é um faroeste clássico: no ritmo desapressado, nos diálogos esparsos, nas vistas batidas de sol, na divisão clara entre gente de bem e bandidos, no humor discreto – Virgil, o homem que emana tanta autoridade que todos diminuem diante dele, tem considerável dificuldade para articular seus pensamentos, e depende de Everett para completar suas frases. Não demora, entretanto, para que um ou outro elemento de uma visão contemporânea comece a abrir caminho para dentro da história. Por exemplo, o retrato do atraso e da selvageria tentando se transformar – ainda sem muito sucesso – em civilização. Ou a personagem da esfuziante Allison French (Renée Zellweger), que se diz viúva e chega ao vilarejo perfumada e vestida em seda e logo se abanca com o xerife. E então com outro e mais outro, desde que estes estejam no comando da situação. A fronteira não é um lugar fácil para uma mulher, e toda vantagem é bem-vinda.
Trailer |