Entrevista:O Estado inteligente

sábado, dezembro 16, 2006

VINICIUS MOTA As cãs do outubro

SÃO PAULO - Vivo fosse, Roberto Campos estaria exultante. O ministro tinha especial prazer em provocar esquerdistas com a maldição dos cabelos brancos -das cãs, como diziam os antigos. Quem não é socialista na juventude sofre do coração; quem continua socialista na maturidade padece da cabeça.
Mudam os termos, mudam as idades da afetação, mas a idéia reavivada pelo presidente Lula é um clássico na política mundial. Nada mais parecido com um Saquarema (conservador) do que um Luzia (liberal) no poder, já se afirmava nestas bandas em meados do século 19.
É a evolução da espécie humana, na intrigante teoria presidencial. Desnecessário esperar que milhares de gerações se sucedam, idéia mofada de Darwin, quando podemos evoluir a jato, em 40 anos, 20 para os sortudos. Pintar os cabelos de branco acelera o processo? De preto o retarda? Carecas evoluem?
"A falta de humor, sabe, é uma coisa que o país não pode perder", disse Lula, reagindo aos arrufos da gente teimosa. Ato falho ou erro só: quis dizer que fez uma brincadeira, mas o pessoal da esquerda tomou a piada a sério. Lula não quer briga.
O presidente em outubro fez 61, ficou mais grisalho e renovou a estadia no Planalto e no Torto (quem pilotará a grelha?). Não quer inimizades. Delfim Netto é agora seu chapa. Pena Roberto Campos não estar por aqui para partilhar os papos a três; gargalhariam da idiotice da esquerda nas pilhérias que só o criador do BNDE sabia narrar.
Lula só tem amigos. Provoca inveja em Sarney com as nove legendas unidas à base inicial do segundo mandato. Até o PMDB, agora um partido de programa, está fechado com o governo, desde que muitas porteiras estejam fechadas na Esplanada. É o nirvana presidencial.
Não venham os chatos estragar o clima com o depressivo Scott Fitzgerald: "Aos 18, nossas convicções são colinas de onde enxergamos; aos 45, são buracos onde nos escondemos". O presidente já passou dos 45 e 45 é o número dos tucanos.

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