O mercado de obras econômicas
se amplia – em número e qualidade
A Companhia das Letras acaba de publicar o livro de estréia de Philip Roth – talvez o maior escritor americano vivo –, Adeus, Columbus, em uma edição de bolso, por razoáveis 19 reais. É o primeiro título da editora a sair diretamente no selo Companhia de Bolso, sem ter tido uma edição convencional antes. Há dez anos, essa seria uma aposta impossível. O Brasil não tinha na época um mercado bem constituído para livros de bolso. Desde então, esse filão se consolidou, graças à L&PM Pocket, coleção de livros de bolso que começou em 1997 e hoje, com 600 títulos em catálogo, está batendo nos 7 milhões de exemplares vendidos. "Quando começamos, o livro de bolso era sinônimo de má qualidade. Tivemos de vencer esse preconceito", diz Ivan Pinheiro Machado, editor da L&PM. O pocket hoje representa 80% dos negócios da editora.
Com exceções como os livros feios e de tradução capenga da editora Martin Claret, o mercado de livros de bolso oferece opções de qualidade para o leitor que não quer desembolsar mais do que 20 ou 25 reais. A L&PM, por exemplo, está lançando uma nova coleção de biografias breves, mas acuradas, produzidas pela editora francesa Gallimard. A editora Hedra também lançou uma coleção de bolso, de clássicos como o italiano Petrarca e o latino Ovídio. "Queremos provar que os livreiros estão errados quando falam que brasileiro só gosta de livro chique", diz o editor Jorge Sallum, da Hedra. A Companhia de Bolso, com pouco mais de um ano de atividade e quarenta títulos, já representa cerca de 7% do faturamento da Companhia das Letras. O consumidor desse formato é freqüentemente o estudante que, com recursos limitados, está constituindo sua biblioteca – por isso os clássicos estão entre os mais vendidos (veja o quadro abaixo). A Arte da Guerra, o best-seller da L&PM, também um clássico oriental, contou ainda com um garoto-propaganda de luxo: Luiz Felipe Scolari, técnico da seleção pentacampeã, apareceu lendo seu Sun Tzu, na edição de 9 reais da L&PM, durante a Copa do Japão.
Best-sellers inusitados
Alguns sucessos de venda em edição econômica
• Além do Bem e do Mal, de Friedrich Nietzsche
(Companhia de Bolso): 28000 exemplares
• A Arte da Guerra, de Sun Tzu (L&PM Pocket):
200000 exemplares
• Sobre a Brevidade da Vida, de Sêneca (L&PM):
10000 exemplares em dois meses