O Estado de S. Paulo |
9/12/2006 |
O gráfico ao lado traça uma linha parecida com o fio de um serrote inclinado. Mostra a evolução do Índice de Preços ao Consumidor - Amplo (IPCA), o nome e o sobrenome da medida oficial da inflação. Mede a inflação oficial no sentido de que essa evolução é a referência para cumprimento da meta de inflação e para definição dos juros. Equivale à evolução do custo de vida (preços ao varejo). A inflação de novembro não passou dos 0,31%, ligeiramente abaixo do esperado, informação que os membros do Copom não tinham no dia 29 de novembro, quando da última reunião realizada para definição dos juros. O fato mais importante dessa reunião foi o de que não houve unanimidade no corte dos juros em 0,5 ponto porcentual. Três dos oito diretores do Banco Central votaram por um corte mais baixo, de 0,25 ponto. Se soubessem que a inflação continuava bem comportada, talvez tivessem votado com mais coesão. Ontem, O Estado criticou a linguagem hermética do Banco Central. Era mais ou menos assim que os sacerdotes de Amon, no antigo Egito, se expressavam. Os textos do Banco Central quase sempre complicam demais e são muito longos. Veja, por exemplo, o trecho seguinte: "Tendo em vista os estímulos já existentes para a expansão da demanda agregada, as incertezas que cercam os mecanismos de transmissão da política monetária e a menor distância entre a taxa básica de juros corrente e as taxas de juros que deverão vigorar em equilíbrio no médio prazo, o Copom entende que a preservação das importantes conquistas obtidas no combate à inflação e na manutenção do crescimento econômico, com geração de empregos e aumento da renda real, demandará que a partir de um determinado ponto a flexibilização da política monetária passe a ser conduzida com maior parcimônia" (ufa!). Tudo para dizer que, quando for preciso, os cortes dos juros podem diminuir. E até aí morreu Neves. Por que tanto palavrório para dizer o óbvio - como concluir que todo homem um dia morre? A atual direção do Banco Central segue os passos de outro notório sacerdote de Amon, o ex-presidente do Federal Reserve (Fed), Alan Greenspan, que parecia se divertir com as expressões peculiares por ele criadas - como a "exuberância irracional", ao se referir à bolha das bolsas. Consta que Greenspan às vezes acabava longa peroração com essa advertência: "Se vocês entenderam o que eu disse, então provavelmente me expressei mal." Fazia questão de mencionar contraditórios, para que todas as hipóteses fossem levadas em conta. O maior contraponto a esse tipo de linguagem é a maneira como se comunica o atual presidente do Fed, Ben Bernanke. Seus discursos são claros; não deixam nenhuma dúvida sobre o que quer dizer. O ponto de vista de Bernanke é o de que a política de formação de expectativas é vital para a eficácia da política de juros. Quanto mais nítidos os recados do banco central ao mercado, mais facilmente corações e mentes se alinharão aos objetivos das autoridades monetárias. À parte isso, é bem provável que a falta de clareza sobre o futuro dos juros brasileiros não se deva só ao hermetismo dos comunicados do Banco Central. Os próprios diretores do Copom parecem ter dúvidas sobre o comportamento futuro dos preços. Foram surpreendidos pela força baixista da inflação. Em junho, julgaram uma temeridade fixar para 2007 uma meta de inflação inferior a 4,5%, o número de 2006. Mas a inflação vai embicando para algo em torno dos 3%, tamanho que parece bom para meta de 2007. Parecem desconfiar de que a inflação esteja obedecendo agora a paradigmas diferentes. Talvez por isso, vacilem na hora de fixar os juros. E é natural que essa vacilação se transmita à sociedade. |
Entrevista:O Estado inteligente
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segunda-feira, dezembro 11, 2006
Celso Ming - Sacerdotes de Amon
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