O Estado de S. Paulo |
16/12/2006 |
Ben Bernanke, presidente do banco central americano (o Federal Reserve, Fed), fez ontem declarações fortemente polêmicas sobre política cambial. Dentro da programação desenvolvida pela missão de altíssimo nível dos Estados Unidos na China, denunciou a política cambial chinesa por manter desvalorizado o yuan e, nessas condições, praticar um “subsídio efetivo”, que provoca distorções na economia. Entre as distorções mencionadas por Bernanke estão a canalização de mais produção para exportação do que para o consumo interno e a necessidade de emitir títulos públicos para esterilizar o excesso de moeda provocado pelo aumento das reservas. No pronunciamento, Bernanke teve o cuidado de retirar a expressão “subsídio efetivo”, que, no entanto, permaneceu intacta no texto divulgado pelo site do Fed (ver www.federalreserve.gov). Qualquer subsídio é, em princípio, considerado prática desleal de comércio exterior na medida em que distorce as condições de competitividade entre parceiros. Como tal, pode estar também sujeito a retaliações, desde que previstas nos tratados. Na medida em que confere ao câmbio chinês qualidade de subsídio, Bernanke agasalha pressões enormes de empresários, líderes sindicais e políticos que acusam a China de alijar deslealmente o produto americano do mercado global. No comunicado oficial que ontem pôs um fecho à missão, os chineses se comprometeram a flexibilizar o câmbio. Mas o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, foi suficientemente claro quando explicitou “divergências em relação ao cronograma das reformas”. Quer dizer, os chineses, concordaram com a liberação do câmbio, mas não assumiram nenhum compromisso com cumprimento de prazos. A fala de Bernanke percorre um campo de areia movediça. Se a advertência de Bernanke fosse levada às suas últimas conseqüências, qualquer desvalorização de moeda destinada a dar competitividade às exportações poderia ser considerada subsídio e, como tal, fator inaceitável de proteção comercial. Avançando um passo além, todo regime cambial fora da livre flutuação ficaria sujeito a condenação. Isso contraria o entendimento de que toda política cambial é prerrogativa soberana de cada país. Coincidentemente, nos artigos publicados nos jornais dos Estados Unidos que refletem a indignação de empresários e lobistas diante da forte entrada de produtos chineses, aparece cada vez mais freqüentemente a reivindicação de que o governo americano use sua musculatura junto à Organização Mundial do Comércio para que toda forma de manipulação do câmbio com objetivo de empurrar exportações seja considerada prática reprovável de comércio e, nessas condições, passível de punição. No limite, ficariam sob suspeita até mesmo políticas de intervenção no câmbio, ainda que não consigam o objetivo de desvalorizar a moeda. É o caso brasileiro. A partir de informações do Banco Central, pode-se aferir que entre o início de janeiro de 2003 e o final de outubro passado, a intervenção no câmbio alcançou US$ 184 bilhões. O Tesouro comprou US$ 33 bilhões em moeda estrangeira; o Banco Central, US$ 58 bilhões; e a redução da dívida cambial correspondeu a outros US$ 93 bilhões. Pergunta: esses US$ 184 bilhões podem ser considerados subsídios às exportações? |
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
segunda-feira, dezembro 18, 2006
Celso Ming - Areia movediça
Arquivo do blog
-
▼
2006
(6085)
-
▼
dezembro
(466)
- FERREIRA GULLAR De tédio não morreremos
- ELIANE CANTANHÊDE Lula herda Lula
- JOÃO UBALDO RIBEIRO O ano da mágica
- Merval Pereira A ação das milícias
- CLÓVIS ROSSI Uma ficção chamada Lula
- COMO LULA QUER SER LEMBRADO?por Paulo Moura, cient...
- A VOLTA DE QUEM NÃO FOI
- Delúbio estava certo...COMEMORANDO EM LIBERDADE
- MERVAL PEREIRA - O que é terrorismo?
- FERNANDO GABEIRA Governo e primos no aeroporto
- SERGIO COSTA Eles já sabiam.E daí?
- GESNER OLIVEIRA Lições de 2006
- FERNANDO RODRIGUES Obsessão petista
- CLÓVIS ROSSI O crime e o lusco-fusco
- NELSON MOTTA-A etica do acaso
- Lixo - uma chance para alguns avanços
- VEJA Especial
- VEJA Perspectiva
- veja Retrospectiva
- MILLÔR
- Diogo Mainardi O Homem do Ano
- Rio de Janeiro Terror na cidade
- Uma história ainda sem fim
- A agenda materialista da "bispa"
- Escândalo do dossiê O roteiro se cumpre
- FALÊNCIA MÚLTIPLA DE ÓRGÃOS
- A união contra o crime
- Míriam Leitão - As perdas
- Merval Pereira - União contra a bandidagem
- Luiz Garcia - Ocasião & ladrão
- Eliane Cantanhede - A PF morreu na praia
- Clóvis Rossi - Ponto para a barbárie
- O autoritarismo populista
- A cultura do privilégio
- Milícias paramilitares já controlam 92 favelas
- Celso Ming - As bolsas comemoram
- DE ATENTADOS, COMANDOS, PCC E MILÍCIAS!
- O Brasil é aqui Por Reinaldo Azevedo
- Demétrio Magnoli Leis da tortura
- REFLEXOS DE UM REAL VALORIZADO, E DE UM DÓLAR BARATO!
- Celso Ming - Tapete lambuzado
- CLÓVIS ROSSI O champanhe e o sonho
- Um pacto de seriedade
- Eliane Cantanhêde Opinião dos formadores de opinião
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG Aos poucos
- Merval Pereira - Reinventar o Rio
- É ter fé e rezar Demóstenes Torres
- Sucesso de Incompetência (José Negreiros)
- Carlos Heitor Cony - Cadê Braguinha
- Você’ tem muito a aprender
- O etanol do Brasil assusta
- Descrédito absoluto
- Clóvis Rossi - O relatório do apocalipse
- Celso Ming - A ameaça chinesa
- ROBERTO DaMATTA Presente de Natal
- Míriam Leitão - Sem decolar
- Merval Pereira - Diagnósticos para o Rio
- José Nêumanne A republiqueta do João sem braço
- CAPITAL EXTERNO EM AÉREAS PODE SUBIR
- A IMPLOSÃO! OU GAROTINHO É O LULA DE AMANHÃ!
- "IMPERIALISMO" DEITA E ROLA COM LULA!
- PESQUISA INTERNACIONAL
- Isonomia e despautérios Jarbas Passarinho
- O apagão aéreo (nos EUA) Rubens Barbosa
- Arnaldo Jabor -Papai Noel nunca gostou de mim
- Clóvis Rossi - De fatos e conspirações
- Miriam Leitão Mulheres do mundo
- LUIZ GARCIA - Quanto pior, pior
- MERVAL PEREIRA -Mudar o astral
- As mistificações do diretor-geral da PF
- Lula cria vocabulário próprio em discursos
- SERGIO COSTA Preparar para não decolar
- VIVALDO DE SOUSA Planejamento necessário
- FERNANDO DE BARROS E SILVA Carpe diem
- DENIS ROSENFIELD - A república corporativa
- FERREIRA GULLAR Natal em cana
- PLÍNIO FRAGA Notícias infernais
- CLÓVIS ROSSI O corte, os serviços e o Natal
- ENTREVISTA ANTÔNIO ANASTASIA
- FOLHA ENTREVISTA FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
- Miriam Leitão Melhor não
- JOÃO UBALDO Natal sensacional
- MERVAL PEREIRA -Cérebro e coração
- DORA KRAMER Lula e o populismo
- Miriam Leitão Janela discreta
- MERVAL PEREIRA -Sem impactos
- GESNER OLIVEIRA Natal sem pacote
- CLÓVIS ROSSI Respeito no ralo
- Quando destrava a economia? Perguntem a Marisa Let...
- Tiros no pé
- Míriam Leitão - Drama do emprego
- Merval Pereira - Chance renovada
- O reajuste do salário mínimo
- Mínimo irracional
- É preciso informar
- A voz do Brasil
- Eliane Cantanhede - Grave a crise
- Clóvis Rossi - Pé-de-meia
- A distorção do auxílio-doença
- Guerra à pobreza está sendo perdida
-
▼
dezembro
(466)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA