O credenciamento de um lote de novos personagens ilustres, a começar pelo presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini, no clube dos governistas do primeiro escalão, dirigentes e parlamentares petistas, entre demitidos, cassados e denunciados pela Justiça, pela Polícia Federal, pela Promotoria Pública e pelas CPIs, inflacionou o quadro social, o que justifica o reconhecimento oficioso de um governo paralelo informal para abrigar os companheiros castigados pelos tropeços na caminhada do primeiro mandato do candidato-presidente Lula e no segundo tempo do próximo mandato.
A relação dos perfilados à espera do convite para voltar ao abrigo do poder pela porta dos fundos, se oficializada, ocupará uma página do Diário Oficial. É eclética e democrática, não discrimina entre ricos e remediados. Os pobres foram atendidos com o Bolsa Família.
Dos novatos, além do benemérito deputado Ricardo Berzoini, presidente do PT, os ilustres recém-famosos com a operação frustrada da compra do dossiê que incrimina o candidato tucano José Serra a governador de São Paulo, em coluna por um marcham o assessor especial, secretário particular e cupincha do presidente, Freud Godoy; o professor Jorge Lorenzetti, conhecido como o churrasqueiro preferido de Lula nas comilanças da Granja do Torto; Osvaldo Bargas, petista histórico, marido da secretária particular de Lula, Mônica Zerbinato; Gedimar Passos, subordinado de Jorge Lorenzetti, preso e depois solto pela PF; Valdebran Carlos Padilha, petista, preso com Gedimar, em São Paulo, com R$ 1,7 milhão na mala.
Trata-se de um reforço considerável ao PT do B, que se jacta de reunir a nata dos astros e estrelas da novela da corrupção. Vamos aos craques da seleção. Com direito à braçadeira de capitão, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, "o maior ministro de todos os tempos"; o esquecido Waldomiro Diniz, um dos pioneiros na prática de negociatas; o ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu; o ex-presidente do PT José Genoino; Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT; Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, com grande atuação, na tabela com Marcos Valério, na montagem do mensalão e do caixa 2; e o então presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson, aliado de fé de Lula e que botou a boca no trombone e denunciou o escândalo da corrupção.
Em vitoriosas campanhas para aumentar o quadro social, a Operação Sanguessugas da compra de ambulâncias superfaturadas logrou a indicação de 56 deputados de todos os partidos e um senador. Da quadrilha do mensalão, foram 40 os deputados indiciados.
Reeleito o presidente Lula, será de transcendente utilidade a organização do anexo do governo paralelo, ainda que na informalidade clandestina, ao gosto dos sócios. Devem sobrar vagas no ministério para acomodar os aliados do PMDB, como Jader Barbalho, Newton Cardoso, Orestes Quércia e outros de menos cacife.
O núcleo duro será mantido. Com direito a retrato na parede, os indispensáveis: Dilma Rousseff, ministra chefe da Casa Civil, para cuidar da administração, e o ministro da Coordenação Política, Tarso Genro, insuperável na arte de encontrar explicações para todas as trapalhadas.
Lula é um dos líderes do mundo e não tem tempo a perder com assuntos de dona-de-casa.