BLOG REINALDO AZEVEDO
Por Rubens Valente, da Folha: “O consultor sindical Wagner Cinchetto, 43, afirmou ontem, em entrevista à Folha, que dois dos principais personagens da operação de compra de dossiê contra tucanos na atual campanha eleitoral participaram de um grupo petista que operou na campanha presidencial de 2002 para proteger o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva de denúncias e levantar acusações contra os adversários da campanha. Segundo Cinchetto, Ricardo Berzoini -então deputado federal e hoje presidente nacional do PT- e Oswaldo Bargas, amigo de Lula e ex-assessor do Ministério do Trabalho, eram dois dos cinco integrantes de um "grupo de inteligência" da campanha lulista de 2002. Em 2003, a revista Veja revelou a existência do aparato da campanha de 2002. Na época, a revista disse ter apurado o assunto com 17 fontes. Assessor da presidência da Força Sindical por dois anos (1991-1993) e um dos fundadores da central, hoje consultor sindical, Cinchetto resolveu quebrar o silêncio de quatro anos e afirmou que documentos foram obtidos no Banco do Brasil para atacar o então candidato tucano à Presidência da República, José Serra. O grupo também estaria por trás de denúncias contra o vice do candidato Ciro Gomes (então no PPS e hoje no PSB), Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
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FOLHA - Quem integrava o grupo?
CINCHETTO - Oswaldo Bargas, Carlos Alberto Grana, que era o secretário-geral da CUT, Berzoini e outros.
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FOLHA - O candidato Lula tinha conhecimento da existência do grupo?
CINCHETTO - Pelo que fui informado pelos outros companheiros, não só tinha conhecimento como autorizou que o grupo fosse criado e organizado para trabalhar paralelamente à sua campanha. Jamais ninguém iria fazer um grupo desse de livre e espontânea vontade, envolvendo pessoas tão importantes da campanha, sem que o candidato soubesse.
FOLHA - Em 2003, a revista "Veja" divulgou reportagem e o sr. não se manifestou oficialmente. Por que só agora decidiu revelar o que sabe?
CINCHETTO - Não me manifestei porque recebi pedido do Carlos Grana [da CUT]. Ele disse: "O que o PT, o que o presidente Lula espera nesse momento, é o silêncio dos companheiros"