Alckmin insinua que direção do partido sabia de operação para compra de dossiê contra tucanos por R$ 1,75 mi
Ana Paula Scinocca
O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, afirmou ontem que o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vive no submundo do crime e da chantagem e insinuou que a direção petista está envolvida na operação de compra de um dossiê contra os tucanos por R$ 1,75 milhão junto ao empresário Luiz Antônio Vedoin, apontado como chefe da máfia dos sanguessugas. 'Você acha que alguém fez isso por livre e espontânea vontade, porque deu na cabeça? Quem arrumou R$ 1,75 milhão? Não cai do céu. É uma fábula de dinheiro', afirmou. 'Cabe à polícia investigar, mas é evidente que não é obra do acaso', prosseguiu o tucano.
Em campanha em Blumenau (SC), Alckmin insistiu que o envolvimento do PT com crimes não é ocasional. 'É inacreditável. O PT não aprende com a crise. Quando você vai ao submundo do crime, infelizmente tem encontrado alguém do PT. Mais uma vez há gente do PT metida no submundo do crime, da chantagem, da corrupção. A pergunta que se faz é a quem serve isso (dossiê)', afirmou.
Ao ser questionado se a elaboração do conjunto de denúncias que seria comprado por duas pessoas, sendo uma delas o empresário Valdebran Padilha, filiado ao PT, tinha como objetivo atrapalhar sua candidatura, o tucano respondeu apenas: 'Não sei o objetivo. Mas não é para ajudar, claro.'
Ainda falando sobre a prisão de Vedoin, que ocorreu na tarde de sexta em Cuiabá, e o caso da máfia dos sanguessugas - tema que dominou sua campanha ontem não apenas em Blumenau, mas também na vizinha cidade catarinense de Brusque -, Alckmin não quis desafiar ninguém a apresentar fotos e imagens em que o ex-governador paulista apareceria entregando ambulâncias da Planam, empresa de Vedoin. A Planam é a maior envolvida em fraudes na venda de ambulâncias superfaturadas para municípios com recursos de emendas parlamentares. 'Não vou discutir com criminoso', afirmou. 'Não sei que imagens são essas. E criminoso, é na cadeia.'
HORÁRIO ELEITORAL
Ao lado do presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), do candidato ao governo de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), do senador Leonel Pavan (PMDB) e do candidato da coligação ao Senado, Raimundo Colombo (PFL), Alckmin fez caminhada pelas ruas comerciais de Blumenau logo cedo. E assegurou que todas as mais de 500 ambulâncias que entregou em São Paulo, Estado que governou até o início de abril, foram compradas por meio de pregão eletrônico.
A coordenação da campanha de Alckmin estuda levar para o horário eleitoral da TV as mais novas denúncias envolvendo o PT de Lula. 'É uma por semana. Na semana passada, foi a das cartilhas (denúncia do TCU de que a Secom imprimiu material para o PT divulgar o governo Lula) e agora essa', anotou.
O presidente do PFL defendeu que o PT tenha seu registro cassado. 'Como sempre o PT vive no mundo da falcatrua, do uso do dinheiro público.' No corpo-a-corpo com eleitores, entrou na Pastelaria Chinesa, tomou café e trocou de lado com as funcionárias, indo para trás do balcão.
Ouviu elogios: 'Nossa, como o senhor é lindo pessoalmente.' E ouviu também pedidos para a melhoria das estradas de Santa Catarina.
UM BANCO E UM MICROFONE
Depois do compromisso em Blumenau, Alckmin seguiu para Brusque, onde repetiu caminhada pelas ruas centrais do município. De cima de um banquinho de madeira, ao lado do candidato Luiz Henrique, o tucano prometeu que, se eleito, fará o Brasil ter de volta 'um governo honesto, eficiente e que funcione'. E se comprometeu a duplicar as BRs 470 e 282.
Convencido de que vai para o segundo turno da eleição, ainda que as pesquisas hoje apontem vitória de Lula em primeiro turno, Alckmin reformou o discurso de que o País precisa prioritariamente crescer para gerar emprego. Após as agendas nas duas cidades catarinenses, Alckmin seguiu para