Banalização do crime |
editorial |
Correio Braziliense |
1/9/2006 |
A violência sem trégua do crime organizado banaliza a crueldade e, num assustador efeito colateral, parece anestesiar a consciência moral das pessoas. Agride-se e mata-se por qualquer motivo ou sem motivo algum. A multiplicação de casos hediondos faz crer que se assiste à transformação do caráter cordial do brasileiro. Se tal conotação significava um ser afável, caloroso, movido pelo coração, agora está mais próxima de identificar alguém que se deixa levar pela emoção, capaz de extravasar a fúria num lapso de segundos. Esta semana começou com a barbárie chocando o país repetidas vezes — duas em Brasília, uma no Rio de Janeiro. Aqui, um promotor de eventos que teve o intestino lesionado ao ser atacado por cinco capoeiristas após um desentendimento no trânsito morreu de infecção generalizada. Ele ainda lutava contra a morte quando um fazendeiro invadiu a casa da ex-mulher, de quem se separara havia cinco anos. Matou o namorado dela com dois tiros no peito. Depois partiu para cima da antiga companheira, que teve dentes quebrados, corte nos braços e pernas, hematomas por todo o corpo. Não satisfeito, abusou sexualmente da adolescente de 15 anos filha da dona da casa. No Rio, catador de lixo encontrou na rua a parte inferior de um corpo de mulher. Numa bolsa ao lado, os documentos da vítima. A empresária de 51 anos teve o pescoço cortado à faca e o corpo serrado ao meio pelo vigia de uma clínica veterinária, apenas porque se recusara a atender pedido para não estacionar o carro em determinado local e o chamara de “magrinho”. Os três relatos servem de exemplo da barbárie que assusta a sociedade e enriquece a indústria da segurança. Muitas causas explicam a violência. Uma delas é o bombardeio de brutalidades por meios eletrônicos a que são submetidas as crianças. Outra, a crescente violência urbana, exposta em seqüestros, assaltos, atentados ao pudor. Talvez o mais grave seja a certeza da impunidade. Com o despreparo da polícia e a demonstração de força dos bandidos, fica a convicção de que a vitória está com o mal. A população, assustada, mudou os hábitos. Teme sair à noite. Desistiu de usar jóias. Abdicou de confortos como recorrer aos caixas eletrônicos 24 horas por dia. Até andar na rua representa risco. O direito de ir e vir está cerceado. As casas se transformaram em prisões. A situação exige respostas. Muitos países conseguiram vencer o crime. Para mudar o quadro, uma condição se impôs — passar das palavras à ação. Enquanto a segurança pública permanecer em nível de discurso, os brasileiros terão razão para sentir medo. |
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, setembro 01, 2006
Banalização do crime
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