Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, julho 12, 2006

Valdo Cruz - Quem não é? Folha de S. Paulo

12/7/2006
Vivemos num país de regras instáveis, manipuladas ao sabor dos ventos
políticos predominantes em cada período. Agora, sopra a ventania -
quase tempestade- eleitoral.
Daí a imensa quantidade de medidas e atitudes "politiqueiras",
expressão usada pelo presidente Lula ao criticar a oposição por
estender aos aposentados que ganham mais de um salário mínimo o
reajuste de 16,7% concedido aos que recebem o mínimo do país.
É fato que a medida, operada por PSDB e PFL, foi politiqueira e teve
o objetivo de desgastar o presidente, já que o veto era certo pelo
impacto elevado nas contas da Previdência. Estivessem no poder,
jamais teriam proposto tal coisa.
Mas também é fato que foi igualmente politiqueira a decisão do
presidente Lula de conferir um aumento de 16,7% para o salário mínimo
em ano de eleição, garantindo aos aposentados que ganham o mínimo o
mesmo reajuste.
Nos três anos anteriores, o petista bradou o discurso da
responsabilidade fiscal para conceder aumentos reais bem menores -
apenas 0,5% em 2003; 2,2% em 2004; 7,9% em 2005. E, agora, em tempos
de campanha pela reeleição, quase o dobro, 13%.
Outro exemplo: Lula abriu os cofres para distribuir aumentos
salariais neste ano a praticamente todas as categorias de servidores
federais, que andavam bastante descontentes com o petista.
A oposição tachou o gesto presidencial de oportunista e ilegal em ano
eleitoral. Mas por temer desgaste junto ao servidor, ficou quieta e
não questionou o aumento na Justiça Eleitoral.
Fôssemos um país mais sério, essas e outras medidas seriam mais bem
reguladas. Mas nenhum dos lados quer mudanças. Todos se valem dessas
imperfeições. Cada um no seu momento.

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