Entrevista:O Estado inteligente

sábado, dezembro 17, 2005

VEJA Diogo Mainardi Bate-bola com FHC



"EU: Lula não será candidato à reeleição.
FHC: Será, sim.
EU: Quanto quer apostar?
FHC: Um café.
EU: Um café? Dizem que o senhor é pão-duro.
FHC: Eu fui pobre a vida toda"

Fernando Henrique Cardoso. Pelo telefone.

EU: Lula não será candidato à reeleição.

FHC: Será, sim.

EU: Quanto quer apostar?

FHC: Um café.

EU: Um café? Dizem que o senhor é pão-duro.

FHC: Eu fui pobre a vida toda.

EU: Muita gente diz que Lula será obrigado a concorrer porque, se não o fizer, o PT tenderá a desaparecer. Isso é bobagem. Lula está se lixando para o PT. Ele só pensa nele mesmo. O que ele quer é evitar uma derrota vexatória.

FHC: Mas ele acha que vai ganhar.

EU: Quem falou abertamente sobre a possibilidade de Lula entregar os pontos foi o ministro Jaques Wagner. Não confio em Wagner quando se trata de esclarecer suas relações com a GDK. Sobre a aposentadoria antecipada de Lula, porém, não creio que ele minta. Ele até ditou as condições para que Lula abandone a candidatura: basta a oposição abafar a CPI. É o que os senhores da oposição estão fazendo, não é?

FHC: Não sou favorável a isso, não. A CPI tem de continuar. Me preocupa muito um voto como o da última quarta-feira, que salvou o deputado Romeu Queiroz. Me preocupa muito mesmo.

EU: O senhor já tinha ouvido falar no esquema de Marcos Valério?

FHC: Não. Nunca.

EU: O pessoal do PSDB mineiro nunca mencionou seu nome?

FHC: Não. Nunca.

EU: Se Lula abandonar a candidatura à reeleição, o maior prejudicado será José Serra. O único argumento que ele tem para largar a prefeitura de São Paulo, no meio do mandato, é que Geraldo Alckmin corre o risco de perder contra Lula. Sem Lula no páreo, Serra fica atrelado à prefeitura.

FHC: Eu não sinto que, até agora, Serra tenha decidido largar a prefeitura. A população está fazendo justiça compensatória. Votou em Lula, não deu certo, então quer votar no outro, no que foi derrotado.

EU: Se Lula abandonar a candidatura, o senhor terá de engolir o Alckmin.

FHC: O mais provável, nesse caso, seria o Alckmin, sim.

EU: Lula apoiaria Ciro Gomes?

FHC: Apoiaria.

EU: Ele tem voto fora do curral eleitoral de Sobral?

FHC: Acho difícil. Depois do que fez na última campanha, ele não tem a menor chance de se eleger.

EU: O senhor sabe quem será o candidato de José Sarney? Ele tem talento divinatório. Da mesma maneira que retirou todo o seu dinheiro do Banco Santos um dia antes da intervenção do Banco Central, escolherá o candidato vencedor no momento oportuno.

FHC: Ele deve estar aflito. Tudo indicaria um apoio no setor do Lula. Se as antenas dele estiverem aptas para captar o sentimento do eleitor, como costumam estar, não creio que ele faça isso, não.

EU: Como a eleição já está decidida, com a derrota de Lula, a maior questão de 2006 é a Copa do Mundo. O senhor é favorável à escalação de quatro atacantes na seleção brasileira?

FHC: Sou favorável, sim. Acho que tem de atacar.

EU: Eu escalaria um a menos. Sou conservador.

FHC: Ainda mais do que eu.

EU: Muito obrigado pela entrevista. Eu me senti um Merval Pereira.

FHC: Olha que é a primeira vez que eu falo sobre isso com a imprensa.

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