Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, dezembro 01, 2005

ROGÉRIO GENTILE Lula, o injustiçado

FSP
SÃO PAULO - Se confirmada, a cassação de José Dirceu será, antes de tudo, uma injustiça com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (escrevo sem saber o resultado da votação). Imaginar que Dirceu articulou sozinho o caixa dois e o esquema da compra de votos de parlamentares e de partidos, sem o conhecimento do presidente, é pior do que acreditar que o tesoureiro Delúbio Soares agiu por conta própria, sem o conhecimento de Dirceu. Punir Dirceu e poupar Lula significa considerar que o grande companheiro é um idiota manipulável, um alienado que não sabe o que se passa em sua própria casa. E, definitivamente, Lula não é o mister Garden de Peter Sellers. Lula pensa, ainda que muitos dos seus discursos improvisados sugiram exatamente o contrário. Não foi por sorte ou casualidade que ele deixou Garanhuns, no interior de Pernambuco, transformou-se no principal líder da oposição e acabou no Palácio do Planalto. Ninguém vira presidente sem méritos. Os dois sempre foram parceiros, numa relação de amor e ódio. Dirceu é a mão-de-ferro que Lula utilizou para controlar o PT, chegar ao poder e governar o país sem ter de comprometer sua imagem de mito. E Lula é a liderança popular que Dirceu nunca conseguiu ser e usou para se realizar como autoridade. Os dois são cara e coroa, com o perdão do chavão. Se um é culpado, como tudo leva a crer, o outro também é. Ambos merecem a punição.
 
Nessa confusão toda da CPI e do processo de cassação de Dirceu, não houve nada mais hilário do que Antonio Carlos Magalhães, aquele mesmo que se envolveu no escândalo da violação do painel de votação do Senado, dizer que o Supremo Tribunal Federal tenta desmoralizar o Congresso com suas liminares.

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