Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Lucia Hippolito na CBN:Recesso é bem provável

BLOG  Ricardo Noblat


 

" À medida que avançam os processos contra deputados ameaçados de perder o mandato por envolvimento no esquema do mensalão, à medida que as investigações começam, finalmente, a puxar o fio da meada das fontes de abastecimento do valerioduto, trava-se no Congresso Nacional uma queda de braço para não permitir que o Conselho de Ética da Câmara nem as CPIs possam funcionar no recesso.


As coisas se passam assim: para o Congresso funcionar entre 15 de dezembro e 15 de fevereiro, o Executivo pode se responsabilizar pela convocação. Pelo trabalho extra, os parlamentares recebem os salários normais e mais duas ajudas de custo no início e no fim da convocação. É uma pequena fortuna para dois meses de trabalho.


Como é o Executivo que convoca, é também ele quem paga a conta e determina a pauta de discussões e votações.


E o Executivo quer tudo, menos ver o Congresso funcionando nesses dois meses. O governo Lula confia no cansaço da sociedade em relação à crise e na famosa memória curta da população brasileira, para respirar um pouco durante as férias de verão, antes do início do ano eleitoral.


Deputados e senadores, por sua vez, não querem bancar o custo político de defender uma convocação. Como é que explicar ao seu eleitorado que, por dois meses de trabalho, vão receber essa dinheirama toda? 
 
O Congresso poderia se autoconvocar. Mas, para isso, seria preciso o apoio dos presidentes da Câmara e do Senado. Ocorre que os dois pertencem à base governista e não mostraram o menor interesse em contrariar o governo.

 

Uma proposta de autorização para o funcionamento do Conselho de Ética e das CPIs enquanto o restante dos parlamentares vai curtir as férias também não interessou ao deputado Aldo Rebelo nem ao senador Renan Calheiros.


Pelo visto, o Congresso entra em recesso assim que votar o Orçamento de 2006. Os processos contra os deputados mensaleiros e as investigações sobre as origens do dinheiro que jorrou no caixa dois do PT, de muitos de seus deputados e dos partidos aliados ficam para o ano que vem.

 

Se for verdade que José Dirceu autorizou seu advogado a entrar com novo recurso no STF, desta vez pedindo a anulação da sessão da Câmara que cassou seu mandato, teremos aí o embrulho para o presente de Natal do presidente Lula.

 

Dirceu novamente no centro do palco, deputados mensaleiros salvos da cassação, fontes de abastecimento do valerioduto protegidas pelo esquecimento da população, e todo mundo livre das punições.

 

E para a opinião pública, o Executivo prevê no Orçamento mais de cem milhões de reais em gastos com propaganda do governo Lula."


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