Bblog Ricardo Noblat
O presidente do Banco Central vem driblando a Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados há mais de ano.
Como parte de suas atribuições é fiscalizar as ações do Executivo, a Câmara vem convidando Henriques Meirelles para falar sobre política econômica. Mas o presidente do Banco Central parece que se julga acima de todos os funcionários públicos. Vai empurrando o convite com a barriga, esperando que os deputados se esqueçam dele. Afinal, é tanto escândalo, é tanta CPI e tanto caixa 2, que a esperança de Henrique Meirelles não é de todo descabelada.
De desculpa em desculpa, daqui a pouco a Câmara entra em recesso e, quem sabe, os deputados desistem de ouvir Meirelles.
Acontece que a Comissão de Finanças não quer mais esperar e aprovou a convocação do presidente do Banco Central. Agora ele não pode mais se recusar. Como ganhou status de ministro com aquela Medida Provisória aprovada especialmente para impedir que ele fosse processado na justiça comum, se o presidente do Banco Central se recusar a comparecer à Câmara, pode sofrer processo por crime de responsabilidade.
O curioso disso tudo é que Henrique Meirelles deveria ser o último funcionário público a se recusar a comparecer à Câmara, pois deve sua nomeação ao Congresso Nacional.
Só para lembrar, o presidente da República indica um nome para presidente do Banco Central, mas só depois de uma sabatina realizada no Senado e de ter seu nome aprovado no plenário do Senado Federal é que o presidente do Banco Central é nomeado.
Ou seja, o presidente Lula podia ficar totalmente entusiasmado com a indicação de Henrique Meirelles, mas Meirelles só é presidente do Banco Central porque o Senado aprovou o seu nome.
Além disso, Meirelles deveria também ser grato ao Congresso, que aprovou a Medida Provisória que lhe deu status de ministro.
A partir daí, ele ganhou foro privilegiado e só pode ser processado com autorização do Supremo Tribunal Federal.
Com o ministro Palocci todo atrapalhado, tentando evitar seu próprio comparecimento à CPI dos Bingos, talvez não fosse oportuno gerar ainda mais hostilidade no Congresso.
Alguém deveria avisar Henrique Meirelles que, em ano eleitoral, não faz bem à saúde despertar a ira do Congresso Nacional."