BLOG: Ricardo Noblat
"Os números revelados pelas duas últimas pesquisas de opinião, CNI/Ibope e Datafolha, trazem mais problemas para o PSDB do que para o presidente Lula.
Afinal, as eleições ainda estão longe, o governo é muito poderoso, e a caneta do presidente da República consegue coisas que até Deus duvida.
A popularidade de Lula já tinha despencado no primeiro semestre de 2004, quando o escândalo Waldomiro Diniz explodiu perto do seu gabinete. Mas aquele salário mínimo vergonhoso também contribuiu para causar danos razoáveis à imagem do presidente. Mas Lula conseguiu recuperar-se bem.
Acontece que a crise de 2005 é infinitamente mais cruel. Não é impossível que o presidente se recupere, mas está ficando cada dia mais difícil.
O problema é que o PT não tem outro candidato. O partido reuniu-se em volta do sonho de fazer Lula presidente e se esqueceu de preparar lideranças que pudessem suceder Lula.
Resultado: não tem tu, vai tu mesmo. O presidente está mais ou menos condenado a se candidatar à reeleição, quanto mais não seja, para ajudar o PT, que anda muito precisado, coitado.
Já o caso do PSDB não é de escassez, mas de excesso. Há muitos candidatos se apresentando, mas com chances mesmo, só dois: o prefeito de São Paulo, José Serra, e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Isto significa que a guerra paulista vai se espalhar pelo país. Petistas e tucanos, que se enfrentam nas CPIs e no Congresso, vão continuar esta guerra sangrenta, e vão arrastar o país com eles.
Dentro do PSDB, as tropas serristas e alckmistas também se bicam. Tudo remonta à disputa na esquerda iniciada na década de 60: a AP de José Serra, Sérgio Motta e outros, contra o Partidão e as Docas de Santos, de Mário Covas e seus seguidores. É por isso que se diz que a política paulista não consegue sair da rua Maria Antonia.
Serra é conhecido do eleitorado, perdeu a eleição de 2002, vai ter que explicar o governo Fernando Henrique. Alckmin ainda é pouco conhecido fora de São Paulo e não é identificado com o governo Fernando Henrique.
Como dado positivo, é identificado com um dos grandes mitos da política brasileira, Mário Covas.
Serra conhece o Estado brasileiro como poucos e talvez seja necessário, se vencer, desativar o aparelhamento da administração pública, promovido pelo governo do PT durante esses últimos anos. Alckmin já tem a experiência de dois mandatos à frente do estado mais importante do país.
Em suma, os tucanos estão numa sinuca de bico. "