Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, dezembro 05, 2005

FERNANDO RODRIGUES Economia e fisiologia

FSP
 BRASÍLIA - Hoje devem se reunir os ministros da junta orçamentária para decidir o tamanho da gastança neste final de ano e início de 2006, quando Lula tentará mais um mandato no Planalto. Devem prometer de R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão para projetos de deputados e senadores -as emendas orçamentárias.
Quem acompanha de perto os números grandes da economia sabe que esse tipo de medida não é o melhor caminho do ponto de vista macroeconômico. Liberar dinheiro para emendas dos congressistas pode ajudar na fisiologia miúda dentro do Congresso -que é a urgência da hora-, mas não será algo positivo para as contas gerais do país.
O economista Alexandre Marinis fez um estudo pós-anúncio da queda de 1,2% do PIB no terceiro trimestre. O aspecto a ser notado é quase óbvio: se o PIB vai crescer menos do que se esperava, logo a relação entre dívida pública e PIB vai piorar.
Em 2004, a dívida do setor público no Brasil equivalia a 51,7% do PIB. Era aguardada uma redução, ainda que modesta, desse percentual para este ano. Como a economia crescerá vegetativamente, é possível que ocorra justamente o oposto.
Marinis faz várias projeções e conclui que no final deste ano a dívida do governo será equivalente a 51,9% do PIB do país.
"Como o objetivo do governo deve ser o de reduzir, e não apenas estabilizar a relação dívida/PIB em patamar elevado, a interrupção da trajetória de queda da dívida/PIB em 2004 para 2005 revela o quão inoportuna é a atual discussão entre membros do governo sobre a possibilidade de se reduzir o superávit primário", escreve o economista.
Pior do que essa avaliação, inoportuno mesmo é hoje Antonio Palocci, Paulo Bernardo e Dilma Rousseff ficarem escolhendo projetos de deputados e senadores que devem receber mais de R$ 1 bilhão de dinheiro público nas próximas semanas.

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