Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, dezembro 08, 2005

ELIANE CANTANHÊDE Coisa linda

FSP
BRASÍLIA - A agenda política pulou direto da cassação de José Dirceu para a eleição presidencial e estadual do próximo ano, mas, entre essas duas epopéias, há 11 outros processos de cassação em andamento.
É em torno desses processos que se dá a discussão sobre a convocação extraordinária ou não do Congresso durante o recesso, entre 15 de dezembro e 15 de fevereiro, a um custo de quase R$ 26 mil para cada um dos 513 deputados, fora os senadores.
Lula não vai ficar com o ônus político da convocação. Quem decide, portanto, são os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B). Então, temos: Renan empurra para Aldo, que empurra para Renan, e os dois juntos empurram para os líderes. Todos sabem que, se convocarem, vão apanhar por estarem jogando dinheiro público fora. Se não convocarem, vão apanhar do mesmo jeito, por estarem assando uma enorme pizza para salvar os colegas.
O que se estuda é um meio-termo: votar o processo de Romeu Queiroz na próxima quarta-feira e permitir que o Conselho de Ética da Câmara possa ouvir no recesso as cerca de 50 testemunhas arroladas. Reaberto o Congresso, votam-se quatro processos por semana e acaba a novela.
Não é tão simples, porque há um labirinto: o Conselho, a Corregedoria, a CCJ, a Mesa, o plenário e, "last, but not least", o Supremo. Além da falta de poder do Conselho. Seu presidente, Ricardo Izar, exemplifica. O acusado José Janene, doente, disse que ia mandar o advogado na segunda, na terça e na quarta -e nada. Vadão Gomes, convocado, disse que não vai depor e pronto. Vai quem quer.
O calmo Aldo Rebelo aceita qualquer coisa, menos uma: a convocação só por 15 dias, que implicaria o pagamento integral do extra: "Você convoca por 15 dias, paga o extra pelo recesso todo e no final a maioria não aparece para votar. Sem quórum, ninguém é cassado. Você paga para absolver os acusados. Lindo, não é?".
Lindíssimo, deputado.

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