Entrevista:O Estado inteligente

sábado, dezembro 17, 2005

Editorial da Folha de S Paulo

JUROS AUMENTAM A DÍVIDA
A dívida pública do governo brasileiro continua sua escalada rumo ao R$ 1 trilhão. Entre outubro e novembro, o montante total passou de R$ 937,3 bilhões para R$ 959,5 bilhões, um aumento de 2,4%, segundo o Tesouro Nacional. No ano, a dívida cresceu nada menos do que R$ 149,2 bilhões.
Em termos de sua composição, houve uma relativa melhora. A parcela atrelada à taxa Selic -os títulos chamados de pós-fixados- caiu de 55,7% para 53,2% do total, fechando novembro com um estoque de R$ 510,5 bilhões. Os papéis atrelados ao dólar permaneceram em queda, representando 3,28% do total, a menor participação desse tipo de título já registrada. Quanto aos prazos, registrou-se um pequeno aumento da participação dos títulos que vencem em até 12 meses -o que é ruim.
Grande parte dessa ampliação da dívida está vinculada aos juros, uma vez que mais da metade do estoque é remunerada pela taxa básica (Selic), que ficou em extravagantes 19,15%, na média, durante o ano.
Embora o Copom tenha reduzido a Selic para 18% na recente reunião de dezembro, o Brasil manteve-se na desconfortável posição de líder mundial dos juros altos. A chamada taxa real (descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses) está em 12,93% ao ano. Na segunda posição vem o México, com 6,1%, e, na terceira, a Turquia, com 6%.
Os sinais emitidos pelo BC, que tem preferido cortar a taxa Selic em doses homeopáticas, contrariando as evidências de que seria possível praticar reduções mais arrojadas, indicam que o problema deverá continuar. Nesse ritmo, o patamar anômalo dos juros brasileiros permanecerá deteriorando a dívida pública e causando problemas para o equilíbrio da taxa de câmbio, a rentabilidade das exportações e o crescimento da atividade produtiva. É um quadro muito diferente daquele anunciado pelo candidato Luiz Inácio Lula da Silva na campanha que o levou à Presidência da República.

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